A entrevista inédita comandada por Marcelo Tas vai ao ar na terça (11/07), a partir das 22h.
Nesta terça-feira (11/7), Marcelo Tas recebe Zélia Duncan no Provoca. Na edição, a artista fala sobre seu mais recente álbum, Pelespírito, trajetória artística, orientação sexual, universo musical e as redes sociais, e muito mais. A entrevista inédita vai ao ar às 22h, na TV Cultura.
“Eu sou de uma geração muito reprimida, muito dolorida, sabe? Eu tinha vergonha, me sentia suja, eu não merecia as coisas. Então quando eu comecei a entender (pensava): ‘não pera aí... Tem um lugar aqui pra minha vida'”, conta sobre o final da década de 90, em que tomou consciência sobre ser da comunidade LGBTQIAPN+ e entender o que é o orgulho. Sobre as composições, explica: “Eu não era explicita, mas eu não fingia ser quem eu sou”.
Em clima leve, Zélia conta que Tas foi o primeiro que a desconcertou ao fazer uma pergunta para ela, durante uma entrevista, sobre a orientação sexual. “Eu senti uma quentura por dentro (...) Me surpreendeu. E aí eu pensei: ‘eu tenho que tá preparada pra isso, porque eu tô aí. (...) Você detonou em mim uma coisa que eu nunca tinha sentido, que é esse negócio de estar exposta. Você fez uma pergunta gentil e sorridente, mas que pra mim era unha na cadeira”. Em meio a risadas, finaliza: “Me tirou do armário, hein, Marcelo”.
Ao ser provocada sobre o que sente falta na música brasileira, diz: “Eu me ressinto um pouco de uma continuidade, porque eu acho que a música brasileira vai muito bem, obrigada. A continuidade que eu sinto falta é de conseguir mostrar ou acompanhar um trabalho, acho que tá tudo rápido demais”. E continua: “O nosso desafio, por um lado, continua sendo o mesmo, que é marketing, que é conseguir mostrar o que tá fazendo. E a internet, decididamente, é uma faca de dois gumes.”
Sobre a facilidade de produzir álbuns e colocar no universo musical e digital, a artista comenta: “Isso te dá a falsa ilusão de que você tá no mundo. Então me preocupa isso, porque não é verdade, você precisa ainda de muitas coisas. Eu me preocupo um pouco com a rapidez das informações, porque elas são superficiais. Aqui pode ser até um papo meio de tia, sei lá, um papo meio nostálgico. Mas eu me preocupo que as pessoas tenham repertório interno pra reconhecer o repertório externo”.