Em participação emocionante no programa "É de Casa" deste sábado (22), o ator Osmar Prado, de 77 anos, revisitou momentos marcantes de sua trajetória na TV Globo, às vésperas das comemorações dos 60 anos da emissora em 2025. Durante a entrevista, ele não conteve as lágrimas ao relembrar um de seus personagens mais emblemáticos: Tião Galinha, da primeira versão de "Renascer" (1993).
A emoção tomou conta do veterano quando uma fã mencionou o impacto causado pela morte do personagem na trama original. "Nós conversávamos ao telefone sobre o Tião e, muitas vezes, o Benedito... É difícil falar sobre isso. O autor, quer dizer, o criador Benedito...", disse Osmar, interrompendo sua fala por alguns segundos para conter o choro.
Ao retomar, o ator revelou a profunda conexão que desenvolveu com o autor Benedito Ruy Barbosa durante a construção do personagem. "Vou falar. Nós nos emocionávamos: autor e intérprete. Benedito descrevia a cena, veja como você gosta [...] Tião é um drama da maioria do povo brasileiro que é mantido na pobreza e na ignorância e busca artifícios próximos da loucura para poder sair da miséria."
Osmar refletiu sobre o significado social de Tião Galinha: "Tião é a descrição da realidade desse povo. Um ator que vê orgulho de poder representar um pouco dessa dor." Ele compartilhou ainda um episódio significativo: "Um dia, numa cidade do interior qualquer, eu vi umas pessoas rindo em uma mesa do Tião. Eu cheguei próximo e disse: 'Não riam do Tião, porque todos nós somos 'Tiões' perante a comunidade internacional. Riem da nossa cara'."
Durante a entrevista, o veterano também revelou um importante bastidor sobre a cena do suicídio de Tião na cadeia, que aconteceu após uma prisão injusta. Osmar contou que a bofetada que o personagem recebe antes de tirar a própria vida foi uma sugestão sua ao diretor Luiz Fernando Carvalho.
"Tião Galinha se suicidou e quando a cena foi escrita faltava um detalhe. Eu disse para o diretor, a caminho de Niterói, quando fomos gravar a cena, que estava faltando algo que não foi posto." Segundo o ator, ele sugeriu: "'Uma bofetada na cara do Tião, quero levar uma bofetada na cara.' E ele disse: 'Vamos fazer'."
A execução da cena, no entanto, apresentou um desafio inesperado: "Na hora da cena ninguém teve coragem de dar. O cara que cuida da cadeia não teve coragem e o câmera deu. Quando ele deu a bofetada e quando o Tião sente aquilo, o Tião morreu ali. Uma bofetada na cara de um homem digno você mata ele. Foi a humilhação. Aí sim justificou o suicídio."
Em um momento de gratidão, Osmar refletiu sobre o privilégio de sua carreira: "Eu acho que ser ator é ter o privilégio de ter feito esses personagens. Eu me considero consagrado e feliz, mas não perdi ainda o entusiasmo de ser ator."
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