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Câmera Record apresenta documentário vencedor do Prêmio Rei da Espanha

Reportagem mostra os perigos enfrentados por imigrantes que tentam chegar até a fronteira dos EUA a bordo do trem La Bestia.

por Redação, em 16/02/2020

Foto: Divulgação/Record TV

A Record TV venceu nesta sexta-feira (14/02), pela terceira vez, um dos mais prestigiados prêmios do jornalismo mundial e o maior nas línguas espanhola e portuguesa, o Rei da Espanha, na categoria televisão, com a reportagem “A Besta – Episódio 1 e Episódio Final”, que foi ao ar no Câmera Record. Antes, a emissora já havia conquistado o troféu em 2019 com “Piratas da Amazônia”, exibido no mesmo programa; e em 2016, com “As eternas escravas”, produzida pelo Repórter Record Investigação.

Neste domingo, 16/02, às 23h15, o Câmera Record vai apresentar uma edição especial da reportagem. A versão na íntegra, com os dois episódios, já está disponível no Play Plus.  

A reportagem mostra a dimensão do drama de imigrantes dispostos a tudo, inclusive a morrer, na busca por uma vida digna em solo norte-americano. Durante 21 dias, a equipe acompanhou famílias que atravessaram a América Central clandestinamente, fugindo da miséria e da violência de grupos armados, rumo aos Estados Unidos. Uma viagem longa e perigosa no chamado "Trem da Morte" ou La Bestia. A cada ano, 150 mil pessoas desafiam a morte sobre seus trilhos, e 1.300 morrem no caminho ou são mutiladas, segundo o Instituto Nacional de Imigração Mexicana. O programa foi exibido em dois episódios, nos dias 7 e 14 de julho.  

Além da perigosa saga, o programa entrevistou autoridades e organismos internacionais que analisam o fluxo migratório na região e no mundo.

Na viagem de quase um mês, a equipe descobriu que, antes de embarcarem no trem, os imigrantes têm que atravessar um rio, em balsas improvisadas, da Guatemala para o México.

Os salvadorenhos César e o sobrinho caminharam durante cinco dias até a fronteira entre os dois países com apenas uma mochila. Dentro dela havia apenas uma troca de roupa para cada um. “Pra gente é um sonho chegar aos Estados Unidos. Deus vai nos ajudar, queremos trabalhar e ter uma vida melhor, só isso", contam.

Parte da equipe premiada. Foto: Antonio Chahestian/Record TV

A rota migratória deixa marcas profundas nas famílias que ficam, uma vez que muitos migrantes desaparecem no meio do caminho ou são sequestrados por cartéis mexicanos. Centenas de pessoas aguardam notícias dos parentes que partiram, com a roupa do corpo, em busca do sonho americano.

Marco Antonio era motorista, mas o salário era corroído pelo imposto de guerra cobrado pelas gangues de Honduras. "Por causa das extorsões e dificuldades que passava em Honduras, ele resolveu ir para os Estados Unidos no dia 22 de fevereiro de 2013", relata sua mãe Maria Eliza Castro. De lá pra cá, ela não teve mais informações do paradeiro do filho.

Os jornalistas Romeu Piccoli, Henrique Beirangê, Michel Mendes, Fabiana Vilella, Mateus Munin, Natália Florentino, Gustavo Costa, Pablo Toledo, Rafael Ramos, Rafael Gomide e Renata Garofano participaram da produção da reportagem.

Sobre o prêmio

Jornalistas e meios de comunicação da Colômbia, do Brasil, da Bolívia, de Portugal e da Espanha foram escolhidos para receber esta edição do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha, que reconhece o trabalho dos repórteres ibero-americanos. O prêmio, outorgado pela Agência EFE e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), está em sua 37ª edição e destaca trabalhos que têm como tema direitos humanos, migrações, feminicídios, crise climática ou diversidade sexual.

O documentário da Record TV concorreu com 206 trabalhos de 17 países, numa edição que apresenta o número recorde de dez categorias.

 Os organizadores justificaram a escolha, destacando algumas da qualidades do documentário: “O trabalho permite conhecer ‘por dentro’ a crise humanitária, a miséria e as dificuldades de mães, filhos e migrantes, como Héctor, que teve uma das pernas amputadas na viagem no La Bestia”.

Ainda valorizam a engenhosidade da equipe, obrigada a gravar em condições bastante adversas. “As gravações são feitas com cuidado, apesar das dificuldades de filmar. Eles usam drones, que mostram a rota ferroviária, e filtros de gravação noturna, em uma montagem engenhosa que traz agilidade ao desenvolvimento narrativo. O trabalho de pós-produção permite localizar a rota e introduzir fotografias de arquivo que dão ao trabalho uma grande uniformidade”, afirma o comunicado enviado à Record TV.

A entrega do prêmio será realizada pelo próprio rei de Espanha, Felipe VI, em uma cerimônia em Madri, no dia 23 de março.

O Câmera Record é apresentado por Marcos Hummel e vai ao ar aos domingos, ás 23h15.


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