Zezé Motta volta às novelas como líder de quilombo em O Outro lado do Paraíso

O Outro Lado do Paraíso vai reunir grandes nomes da dramaturgia brasileira. Entre eles, Zezé Motta, que volta a participar de uma novela das 21h da Globo após 16 anos.

Completando 5 décadas de carreira em 2017, a atriz vai interpretar Mãe Quilombo. "Estou superempolgada, é um tema que nunca foi tratado. (vamos) Falar sobre os quilombos no horário nobre", destacou ela, em entrevista no Encontro com Fátima Bernardes. "Estou superfeliz com isso. Eu trabalhei com Direitos Humanos e visitei vários quilombos, sei o quanto os quilombolas são marginalizados. Falta médico, falta professor... Em alguns quilombos, não tem saneamento básico", alertou ela.

Os quilombos surgiram durante a escravidão, como refúgios da opressão e da violência do período, entre os séculos 16 e 19. Para evitar que fossem recapturadas por seus senhores, as pessoas escravizadas escolhiam lugares distantes e de difícil acesso, buscando uma vida autossuficente. Com a Constituição Federal de 1988, as comunidades foram reconhecidas oficialmente como quilombos, e os quilombolas conquistaram direito à propriedade e ao uso da terra ocupada. Apesar da garantia legal, essa população segue isolada e tolida em seus direitos básicos, como a educação. Na trama sucessora de A Força do Querer, a protagonista vivida por Bianca Bin será uma professora dedicada a alfabetizar as crianças quilombolas. 

A novela de Walcyr Carrasco lançará luz sobre o tema em um momento relevante, já que os quilombos estão ainda mais desamparados nos últimos anos. Relatório do Ministério de Desenvolvimento Social publicado em 2014, indica que mais da metade da população quilombola brasileira passa fome, apenas 5% das comunidades contam com esgoto sanitário e 15% delas ainda aguardam visita dos agentes de saúde pública. Estima-se que o Brasil tenha quase 3 mil quilombos espalhados por todo o seu território. 

O Outro Lado do Paraíso estreia em outubro.