Um dos jogos mais tradicionais do mundo, o caça-palavras tem como desafio esconder palavras em meio a uma sopa de letras. Não ao acaso, este passatempo inspira o cenário do quadro “Isso Tem Nome”, que neste domingo, dia 19, estreia sua segunda temporada, no ‘Fantástico’. Idealizado pela repórter Ana Carolina Raimundi, o projeto revela que já existem palavras ou expressões ainda pouco conhecidas para classificar diferentes abusos sofridos, principalmente, por mulheres. Traumas que muitas vezes são capazes de marcar uma vida, destruir carreiras e sonhos. “Este é dos projetos mais importantes que eu já fiz. Se uma pessoa se enxergar nele e procurar ajuda porque se identifica com aquele problema, eu ganhei o jogo”, ressalta a repórter.
O primeiro dos três episódios desta nova temporada é sobre ghosting, classificação perfeita àquele caso do sujeito que saiu para comprar cigarros e não voltou mais. A pessoa se envolve em um relacionamento amoroso e desaparece de uma hora para outra, sem ter coragem de dizer que não quer mais. Algumas destas palavras são tão desconhecidas que sequer têm uma classificação na língua portuguesa. A primeira temporada do quadro, exibida em outubro do ano passado, trouxe à tona temas como etarismo, gaslighting e mansplaining.
Na nova temporada, a intenção é trazer os homens mais para perto, para que eles reflitam sobre essas pequenas violências diárias que atravessam o universo feminino, até porque, em alguns casos, eles podem sofrer também. “Nós vamos abrir um pouco mais essa discussão e o foco. Continuaremos falando para as mulheres, que acabam sofrendo mais as violências do dia a dia, por conta da organização da sociedade mesmo, mas iremos abordar situações que o homem também passa. Muitos terão a certeza de que já fizeram ou passaram pela situação que vamos retratar. Porque a ideia é falar sobre seres humanos. Homens e mulheres que não sabem da existência do nome de situações que ambos passaram em algum momento. Queremos continuar conversando com as mulheres, mas tenho certeza de que o público masculino também vai abraçar a causa”, afirma Ana Carolina Raimundi.
ANA CAROLINA RAIMUNDI
Como surgiu a ideia de fazer esta série?
Este quadro apareceu na minha cabeça durante a pandemia. Foi um período em que todo mundo teve um tempo de refletir sobre sua história. E eu sempre tive questões que me incomodavam como mulher, que eu não sabia direito como explicar. Sabia que eram pequenas violências do dia a dia, mas não exatamente o que eram. Comecei a ler, ouvir outras mulheres, ter acesso a outros universos e vi que muita gente tinha as mesmas sensações que eu e que muitas delas já tinham nome. Diante disso, você consegue falar sobre ela e lutar contra isso, tira a sensação de que você inventou o problema da sua cabeça, pois outras pessoas também o sentem.
Qual o balanço que você faz da primeira temporada?
Foi muito legal ver a reação do público, pois a TV aberta tem realmente este poder de falar com pessoas muito diferentes e que descobriram esses termos justamente vendo o quadro no ‘Fantástico’. Não falamos só para as mulheres, mas por conta da sociedade machista e patriarcal que vivemos, elas acabam passando mais por essas situações que abordamos e acabam trocando mais conosco. Mas também foi bem interessante ver muitos homens reconhecerem que em algum momento tinham feito aquilo com uma mulher e que não sabiam que isso tinha nome. Os homens viram e talvez tenham se enxergado ali em algum lugar.
Apresentado por Maria Júlia Coutinho e Poliana Abritta, o ‘Fantástico’ vai ao ar na noite de domingo, dia 19, logo depois do ‘Domingão com Huck’.