"Tem muito Félix por aí, sim, principalmente em São Paulo", diz o profissional.
Em entrevista ao jornalista Leo Dias do jornal O Globo, Wolf Maya, diretor da novela Amor à Vida, afirmou que Félix, vivido por Mateus Solano na trama das 9, não é uma figura improvável.
"Tem muito Félix por aí, sim, principalmente em São Paulo. E a gente toca muito nesses personagens para justamente ampliá-los, libertá-los e trazê-los para o conhecimento popular. Só assim a gente consegue contar a história nossa época. A lavadeira em Rondônia vai entender do jeito dela, o cara da classe alta em São Paulo também, porque o personagem é contemporâneo. Cuido do Félix para que ele também tenha o tempo do humor, como o Lulu [personagem de Eri Johnson na novela Barriga de Aluguel, em 1991] e o Crô [vivido por Marcelo Serrado em Fina Estampa, em 2011] tinham", disse o diretor.
"Já foi o tempo em que a gente precisava expor fisicamente para provocar, sacudir e fazer falar. Hoje em dia, o resultado do que esses personagens provocam é muito maior que essa polêmica. Não sou careta, mas fica complicado exercer um controle dentro de casa entre a televisão e a criança. Criei filhos e sei como é o processo, mesmo eles sendo filhos de artistas que conviveram num meio de mais liberdade. A criança assiste a uma novela das nove, das dez e vê coisas que ficam longe do entendimento dela, ela pode constranger os pais e talvez seja cedo para falar sobre aquele assunto. Não que não se deva falar, mas cada um tem sua família e sabe o momento correto para isso ser conduzido. É delicado eu expor o beijo gay ou uma violência física agressiva, um assassinato agressivo. Tenho muito cuidado com esse enorme público que assiste à televisão que fazemos no Brasil. Vale muito mais a pena pensar no todo do que particularmente na sua vontade ou no seu ponto de vista ao fazer um ato violento ou um ato erótico", afirmou o diretor sobre a possibilidade de haver uma cena de beijo gay em Amor à Vida.