Amauri Soares, diretor da TV Globo, fala de suas perspectivas sobre o futuro da televisão aberta

Na entrevista à Veja, Amauri Soares, diretor da TV Globo, compartilhou suas perspectivas sobre o futuro da televisão aberta, defendendo sua relevância diante do avanço do streaming e das redes sociais. Ele destacou que, ao contrário das plataformas digitais, a TV aberta oferece uma programação variada e dirigida a todos os públicos, como uma "praça pública". Apesar da queda na audiência em comparação com décadas passadas, ele argumenta que a repercussão dos conteúdos televisivos nas redes sociais e outros meios digitais reforça a relevância da emissora.

Soares refutou a ideia de que a TV aberta está com os dias contados, citando a estabilidade da audiência nos últimos três anos e a capacidade da Globo de se adaptar aos novos tempos. Ele também falou sobre as mudanças estruturais na emissora, como a adoção de contratos por obra em vez de contratos fixos para a maioria dos talentos, o que trouxe mais flexibilidade e diversidade aos elencos.

Ao ser questionado sobre a polêmica em torno dos remakes de novelas, Soares reafirmou que a Globo segue inovando, ampliando seu quadro de autores em 50% nos últimos três anos, e desmistificou o medo de que a inteligência artificial substitua a criatividade humana no desenvolvimento de roteiros.

Sobre o Big Brother Brasil, que foi ampliado para 100 episódios, ele afirmou que o programa ainda mantém relevância, mesmo em um cenário competitivo com redes sociais e plataformas de streaming.

Soares também abordou temas como a renovação do humor na emissora após a saída de Marcius Melhem e a recente contratação de Eliana, além da possibilidade de Fátima Bernardes retornar à Globo com um novo programa de auditório.

"Aquele episódio [acusação de assédio sexual e moral] desarticulou todo um ecossistema de criação do humor. O Marcius era líder criativo do grupo, e o núcleo acabou. Quando assumi os estúdios da Globo, há um ano, coloquei tudo de pé de novo, dando um gás a quase vinte novos projetos que reanimarão um segmento que faz parte do nosso DNA."

Em relação à polarização política, Soares disse que a emissora não altera o conteúdo de suas tramas para refletir o momento político, focando em representar a sociedade de maneira equilibrada.

Por fim, ele revelou que a Globo planeja uma programação especial para celebrar seus 60 anos em 2025, incluindo um grande evento em abril com transmissão ao vivo, reafirmando sua visão otimista sobre o futuro da TV aberta.

"A partir de janeiro, entra no ar uma programação especial e, em abril de 2025, faremos um show numa arena do Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo e participação de participação de outras capitais. Vai mostrar nossa história até aqui e o que imaginamos para o futuro", explicou.