O Planeta TV

Na TV, a opinião do telespectador é soberana

A audiência interfere, mas é preciso saber a quem dar ouvido.

Por: Jeferson Cardoso

Juliana Paes em cena de Dois Irmãos (Globo)

Há dois anos, a TV Globo tenta recuperar o público na faixa das 21h. Depois de Império, que para alguns já não ia bem, as novelas das nove acumulam baixos índices de audiência e, para piorar, têm pouca repercussão. Na TV, um produto precisa dar audiência, para atrair anunciantes e para dá ânimo aos produtores e proprietários.

Babilônia e A Lei do Amor são provas de que a audiência infere. A opinião do público final, aquele que de fato assiste, é soberana. De nada adianta ter qualidade perante os olhos dos profissionais de imprensa, se não convencer o telespectador. 

Infelizmente, alguns autores de novela não sabem a quem dar ouvido e atiram para todos os lados, em busca de audiência. Toda novela precisa de um tempo para atingir o sucesso esperado. Claro, os fenômenos precisam apenas de alguns dias. 

Em dias de redes sociais, é preciso ter cautela. Há muitos comentários negativos, de pessoas que só assistem para falarem mal. Há muito fakes, robôs, muita ilusão na Internet. Um exemplo disso são os 10 assuntos mais comentados do Twitter, que, na minha humilde opinião, não são termômetro para nada. Há cada #hashtag, uma mais sem noção que a outra. Um autor de novela, que leva a sério as redes sociais, se dá mal. 

Autor de novela, no meu ponto de vista, tem que convencer o público da história que está contando. Se pecou na apresentação dos personagens, corrija, ajusta, convença. Mudar radicalmente uma sinopse, é pior do que começar do zero, pois frustrará aqueles que estão gostando. 

Dos últimos insucessos das 21h, apenas João Emanuel Carneiro, conseguiu virar o jogo. Do meio para o fim, A Regra do Jogo emergiu os índices de audiência. O dramaturgo, esperto e inteligente, percebeu as falhas de sua novela e, rapidamente, aplicou as correções. O que era ruim, ficou bom. E só melhorou porque não houve mudanças radicais, como se observa na terrível história de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari.  

Para uma novela conseguir elevar seus índices, penso que a história deve ser bem contextualizada, facilitando a compreensão dos novos telespectadores. Há diversas maneiras de o autor fazer isso, sem que público fiel perceba.  Como, por exemplo, o uso de diálogos que remetam situações recentes, tipo do capítulo anterior, ou com o recurso de flashbacks (um fato acontecido no passado inserido em um momento atual).  

O público não é burro, tampouco preguiçoso. É exigente, e tem que ser mesmo. Só assim para tirar os produtores do comodismo. Há espaço para todos os formatos, basta saber administrar os horários de exibição. A exemplo de Dois Irmãos, que – no meu ponto de vista – seria uma novela terrível, mas, como minissérie deslumbra os olhos daqueles que dão valor à estética/fotografia. Na faixa das 23h, que faz parte do horário nobre, deve-se ousar e causar. É um horário que, nos últimos anos, observamos a inquietação e criatividade dos redatores. 

Os produtores (diretores) deveriam ser mais criativos, evitando suas repetições. Rogerio Gomes, por exemplo, fez três novelas parecidíssimas (Amor Eterno Amor, Império e Além do Tempo). Um diretor que se inova sempre, no meu ponto de vista, é o José Luiz Villamarim. 

Já que a TV vive de audiência...

Por audiência, a direção artística da Globo focará nas regiões onde a emissora se encontra frágil. A Força do Querer será gravada em Belém (Pará); a novela de Walcyr Carrasco deve ter cenas na região Norte/centro-oeste; e depois O Sétimo Guardião, de Aguinaldo Silva, apostará numa cidade fictícia (Serro Azul) localizada em Minas Gerais. 

No passado, a Globo tentou reconquistar o público goiano com Em Família. O tiro saiu pela culatra, e até hoje a TV anhanguera, emissora local do estado de Goiás, tem os índices mais baixos do Painel Nacional de Televisão (PNT). 

Baixa repercussão

Congelamento de final de capítulo. Foto: Reprodução/Globo

Rock Story segue ágil e bastante agradável. É, pra mim, a melhor novela no ar. Infelizmente, a repercussão da novela é baixa. A audiência acumulada até o capítulo 50 é de 23 pontos. É um índice considerado razoável e dentro dos padrões da história apresentada. Digo, desde o começo, que Rock não é um folhetim para dar audiência. Ela é diferente. Não tem personagens de apelo popular e não apoia em trilhas incidentais de suspense ou cenas esculachadas. 

Alguns justificam a queda de audiência com as festas de fim de ano. Óbvio que isso interfere, mas Rock apresenta queda desde o dia 12/12, ou seja, dias antes da semana do Natal. Continuo gostando da novela e não consigo opinar sobre a fuga dos telespectadores. Só lamento. Talvez seja o fato da entrada de novos personagens ou da falta de gancho entre os intervalos, deixando apenas para os finais dos capítulos. Vai saber. 

O ibope caiu, mas continuo animado com Rock Story. É uma novela que ainda me faz parar para assistir. Na atuação, destaques para Alinne Moraes e Ana Beatriz Nogueira. Como não amar a Diana e a Néia?

Falando em novela...

Não vou criar nenhuma expectativa com A Força do Querer. A minha vontade (um sonho,  na verdade) é só de voltar a assistir um bom folhetim às 21h. Na pior das hipóteses, torcerei para seja algo do tipo: é fraca, mas não consigo parar de assistir. Hahahaha!

Não sou muito fã das atuações de Isis Valverde e Paolla Oliveira. Juliana Paes me surpreendeu em Totalmente Demais, mais não coloco a minha mão no fogo. São boas atrizes, esforçadas. Tomara que elas recebam boas personagens de Glória Perez. 

No achismo, acredito que a "dona" de A Força do Querer será Débora Falabella. 

É preciso saber voar ou amar fotografia

Gosto muito de Sem Volta, a série louca da Record TV. Não tenho paciência para Dois Irmãos, a minissérie lírica e de bela fotografia da Globo. É uma questão de gosto. Para a primeira produção, é preciso saber voar (de tão surreal); para a segunda, basta fingir que está entendendo a narrativa e amar os intérpretes, já que as histórias dos personagens são confusas. 

Nas redes sociais, é engraçado os noveleiros tentando explicar uns aos outros as cenas de Dois Irmãos. Divirto-me também quando vejo pessoas julgando Sem Volta, por ser produzida pela Record. Se fosse na Globo seria uma produção impecável. Só que não.  O bom de Sem Volta é justamente por não ser da Globo, que é a emissora de maior audiência do país, mas não é a única capaz de produzir com qualidade. 

Juliana Schalch e Roger Gobeth em cena de Sem Volta (Record TV)

Qualidade é um conceito muito subjetivo. Necessidades e expectativas influenciam diretamente nesta definição. Ou seja, se gostamos, tem qualidade. #Deboche 

Dois Irmãos e Sem Volta são produtos de públicos distintos, mas tem uma coisa em comum: a mesmice de seus diretores. Luiz Fernando Carvalho e Edgard Miranda precisam, urgentemente, dar uma pausa. O primeiro pensa que televisão é cinema; o segundo corre demais com as cenas de ação, na maioria das vezes sem convencimento. 

Oi?

Com o fiasco de A Lei do Amor, Maria Adelaide Amaral deve voltar para as minisséries, de onde nunca deveria ter saído. Caso isso se confirme, surgirá uma vaga na faixa das 21h. 

Manuela Dias, que só escreveu duas minisséries curtíssimas, deve ser a aposta da Globo. Loucura, loucura. Escrever minissérie de 40 capítulos é uma coisa; escrever uma de 180 capítulos é outra completamente diferente. 

Sou fascinado pelo trabalho dessa autora, mas é preciso ter responsabilidade. Ela deveria, antes das 21h (se isso realmente for verdade), escrever uma novela das onze, de 70 capítulos.

Enfim, em tempos de crise de criatividade, Manuela Dias encabeçando uma novela das 21h é uma ousadia válida. Afinal, ninguém imaginava que Gilberto Braga e Maria Adelaide Amaral, ótimos profissionais, seriam um risco. 

Será?

Ana Maria Braga e Louro José. Foto: Reprodução/Globo

A TV Globo, até o momento, não desmentiu o fim do Mais Você. Onde há fumaça, há fogo. Ana Maria Braga é querida no mercado publicitário. A TV Globo também é. Sem Ana, os anunciantes não vão embora. Isso, talvez, aconteceria se fosse numa emissora de menor alcance.   

A atual gestão da Globo adotou uma norma de rejuvenescer a programação. Estão abrindo mão de nomes consagrados, como Xuxa, Jô Soares e Pedro Bial (fora do BBB), e apostando nos jovens. 

Acompanho o trabalho da Ana desde o Note e Anote (Record) e do programa que ela comandava nas noites de terça-feira. Gosto da apresentadora e torço por ela. Tomara que o Mais Você sobreviva 2017. 

É isso. Fico por aqui. Estão curtindo (e vivendo) Dois Irmãos? Por que Rock Story perdeu o fôlego? Quais as apostas para A Força do Querer? Qual é o nome mais adequado para ocupar uma vaga na faixa das 21h da Globo? Ana Maria fora da Globo? Eu não acredito, mas não duvido. E você? Que venha o Big Brother Brasil! Hahaha! Abraços e o nosso próximo encontro. =D


Deixe o seu comentário