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Globo é acusada de ser conivente em caso de racismo nos bastidores de novela

Emissora é acusada de fazer vista grossa em caso de racismo nos bastidores de Nos Tempos do Imperador

por Micael Constantino, em 31/01/2023

Globo é acusada de ser conivente em caso de racismo nos bastidores de novela

Por meios de depoimentos e documentos, o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) conseguiu comprovar que a Globo foi conivente com os casos de racismo que ocorreram nos bastidores da novela Nos Tempos do Imperador (2021). Por isso, a emissora deverá responder a ação civil pública sobre o assunto. O inquérito está em fase final de apuração e análise de provas.

De acordo com informações do Notícias da TV, do Uol, há alguns pontos já concluídos na investigação e o depoimento de uma testemunha que atuou na novela. No total, mais de dez profissionais da emissora foram ouvidos.

Além da Globo, Vinícius Coimbra, então diretor artístico da novela, acusado diretamente por discriminação contra os atores, irá responder em conjunto com a empresa. O diretor foi demitido em 2022, após o caso se tornar público.

Atualmente,  o MPT-RJ é responsável por investigar os crimes de racismo e injúria racial, cometidos contra as atrizes Roberta Rodrigues, Cinara Leal e Dani Ornellas. Em depoimento, uma colega de elenco das atrizes confirmou que o elenco negro era tratado de forma diferenciada.

A testemunha cita que havia um informe de distribuição de camarins, no qual Roberta e Cinnara foram informadas que deveriam se arrumar em um local separado das protagonistas Letícia Sabatella, Mariana Ximenes e Gabriela Medvedovski. Elas também foram orientadas para não conversar com atrizes do "núcleo branco" para não atrapalhar as gravações.

Em outro ponto do depoimento, a colega das atrizes confirma que elas e atores negros gravaram a novela durante os meses de maio e junho de 2021, no auge do pico de casos da Covid-19. Uma atriz reclamou formalmente para a direção sobre a situação, mas levou uma bronca e o assunto não foi mais mencionado.

Para finalizar, a depoente afirma que a Globo só tomou alguma atitude sobre a questão, quando o caso veio a público através da imprensa. Ela também comenta que diversos atores do elenco fizeram denúncias ao compliance a respeito da conduta de Vinícius Coimbra, porém não receberam repostas da direção da Globo. As primeiras queixas surgiram no início das gravações de Nos Tempos do Imperador em janeiro de 2020.

Um exemplo que a testemunha cita como vista grossa da emissora, a escalação de Vinicius Coimbra para direção de Mar do Sertão, atual novela das 18h. A notícia chegou aos ouvidos do elenco de Nos Tempos do Imperador e passou a impressão de que a Globo quis "seguir à vida" após as denúncias, demonstrando que não havia intenção de ação contra o que acontecia nos bastidores da novela.

Após a repercussão negativa sobre a escalação, Vinícius foi retirado da equipe de Mar do Sertão e em seu lugar foi chamado Allan Fitermann, responsável por Quanto Mais Vida, Melhor (2021), também produzida no auge da pandemia da Covid-19. Logo após, Coimbra foi demitido.

A testemunha relata que chegou a comentar com outros colegas que os diretores Ricardo Waddington e José Luiz Villamarim conversaram com atrizes e parte da produção da novela para entender o que estava acontecendo. Porém, isso só ocorreu quando as denúncias vieram a público.

Em nota, o MPT-RJ diz que não comenta detalhes de investigação por conta do sigilo, mas confirmou que irá ajuizar contra a Globo, que só é feito quando há certeza que as provas sustentam a acusação.


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