A entrevista exclusiva exibida no último domingo (20) no "Fantástico", da Rede Globo, concedida por Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá - respectivamente pai e madrasta de Isabella Nardoni, morta no dia 29 de março após ter sido sufocada e jogada da janela do sexto andar - pautou a programação jornalística das demais emissoras da TV na segunda-feira (21).
No domingo, a Globo deu a notícia da entrevista aos poucos: durante a exibição do jogo de futebol, afirmou que o "Fantástico" teria uma "entrevista exclusiva" sobre o caso, mas não avisou qual seria. No início do "Domingão do Faustão", o apresentador contou que a entrevista havia sido feita por Walmir Salaro, e só mais tarde explicou que o jornalista tinha falado com o pai e a madrasta de Isabella. A emissora fez isso para evitar que a Record também tentasse entrevistar os suspeitos e usasse a entrevista no programa "Domingo Espetacular", concorrente do "Fantástico".
Se o "furo" foi exclusivo da Globo, a repercussão não. Os programas jornalísticos de todos os canais utilizaram trechos da entrevista para alimentar as matérias sobre o tema. Senão diretamente, indiretamente. No SBT, por exemplo, o "Jornal do SBT", apresentado por Carlos Nascimento, analisou trechos da entrevista e lançou a dúvida: seria um casal inocente tentando se defender das acusações ou uma estratégia da defesa para tentar, desde já, sensibilizar um possível júri?
Já no caso da Record, a entrevista não foi utilizada. No entanto, repórteres foram às ruas ouvir telespectadores quanto à veracidade das declarações de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Foi possível notar que alguns canais tentaram desacreditar a entrevista do casal, como se a entrevista fosse uma possibilidade de que os indiciados se defendessem da grave acusação, que seria, supostamente, uma estratégia da defesa.
A assessoria da Rede Globo informou que cedeu dez minutos da entrevista para as emissoras que solicitaram: Band, Cultura, SBT e RedeTV!. Foram os mesmos dez minutos exibidos no "Bom Dia Brasil" de segunda-feira. A emissora não divulga audiência de trechos do programa, mas a média obtida foi de 32 pontos, índice considerado bom para o horário, com certeza reflexo da matéria.
O caso tem sido o responsável pelo aumento ou queda da audiência das redes de TV abertas. No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que, a cada vez que uma emissora deixava de falar do caso Isabella, a audiência caía. De acordo com dados do Ibope, das 7h às 12h, o número de televisores ligados na Grande São Paulo subiu na última semana da média de 26 pontos para 30.
É fato que mudar de assunto faz a audiência dos programas despencar: na última quinta-feira (17), por exemplo, o "Brasil Urgente", da Bandeirantes, começou com 5 pontos, e, em meia hora, alcançou o segundo lugar no ibope do horário, com 10 pontos. Mas, assim que começou o intervalo comercial, às 18h46, o "SP Record", que mostrava o caso da menina, subiu de 7 para 11 pontos. É o telespectador das TVs abertas ávido por novas informações do caso Isabella Nardoni.