Esqueça, pelo menos por ora, novelas com mais de cem personagens, em que há até a amiga da vizinha do namorado da prima da mocinha. Duas das novelas que estão no ar na Globo hoje — “Ciranda de pedra” e “Beleza pura” — têm menos de 40 nomes no elenco. E a próxima das oito, “A favorita”, acompanhará tal linha. Se encurtar elenco é uma tendência, só o tempo dirá. Mas muitos autores defendem essa tese.
— Normalmente, as novelas têm 80 personagens; outras têm cem — diz João Emanuel, informando que “A favorita”, que estréia em 2 de junho, terá 35, e que elenco pequeno é sua marca registrada.
Alcides Nogueira, autor de “Ciranda de pedra”, concorda, e vai além. — “Ciranda” tem 35 personagens, e eu gostaria que tivesse até menos. Com um elenco mais enxuto, o autor pode desenvolver as histórias com calma e profundidade, e os atores ficam conhecendo melhor seus personagens. Quem sai ganhando é o telespectador. Menor ainda é “Beleza pura”, que tem 29 ersonagens.
Para a autora, Andréa Maltarolli, o número é perfeito. — Parece que os elencos estão diminuindo. Eu prefiro concentrar a história, por isso uso poucos personagens — diz.
Marcílio Moraes, que escreveu “Vidas opostas”, da Record, faz parte da turma que começa novela com pouca gente: — Acho espantoso que João Emanuel consiga dizer de antemão quantos personagens sua novela terá. Mas ele está certo em querer trabalhar com um universo reduzido.
Já “Belíssima” foi a novela de Sílvio de Abreu que teve mais personagens: 50. Ele conta, porém, que não costuma passar dos 35. Em “Sete pecados”, Walcyr Carrasco trocou seu habitual elenco de 60 por um de 80, mas diz que não é o modelo que considera ideal: — Quando o elenco é grande, nem todos são bem aproveitados E o autor fica preocupado, porque um personagem parou de aparecer.