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Márcio Garcia fala das dificuldades de viver um indiano desprezado em "Caminho das Índia"

por jeferson, em 27/08/2008


Uma cultura onde crianças servem leite aos ratos mas há pessoas chamadas ‘intocáveis’, que são proibidas de beber da mesma água ou até encostar com sua sombra em outros mais ricos, é difícil de compreender com olhos ocidentais. Só com muito estudo, como faz o ator Márcio Garcia. De volta à Globo após quatro anos na Record, ele considera ‘Caminho das Índias’, próxima novela das oito, seu trabalho mais difícil.

Na trama de Glória Perez, o intocável Bahuan, personagem de Márcio, vive amor impossível com Maya (Juliana Paes). “É Romeu e Julieta com mais embasamento porque não está só ligado ao preconceito, e sim a uma crença”, explica Márcio, que vai escurecer os cabelos e deve usar aplique para alongá-los. Juliana, recém-saída de ‘A Favorita’, também já alongou e pintou os cabelos de preto.

Segundo o hinduísmo, a sociedade do único deus Brahma é dividida em quatro castas hereditárias. Os brâmanes (sacerdotes, professores e sábios), a casta mais alta, saíram da boca de Brahma. Chatrias (governantes e guerreiros) vêm dos braços e Vaisias (comerciantes, artesões, a casta da personagem de Juliana Paes), das pernas de Brahma.

Por fim, Sudras (agricultores e prestadores de serviços) vêm dos pés de Brahma. “Bahuan não tem casta, é considerado a poeira sob os pés de Brahma. Por isso, esse casamento não pode acontecer. Seria a desgraça da família por gerações”, conta Márcio.

“No casamento, a mulher se muda para a casa dos pais do homem, chama os sogros de pai e mãe, e abandona a família dela”, completa o ator, que está aprendendo aos poucos.

“O mais difícil é eliminar o preconceito e abrir os olhos. Aqui gostamos de cachorros, o que para eles também poderia ser considerado estranho. Lá os ratos, como são bem tratados, podem ser limpos, não de bueiro”.

Longe da Globo desde ‘Celebridade’, Márcio garante que deixou as portas abertas na Record e conta que estava com saudade de ter ‘mordomia’.“Na Globo, é só relaxar e aproveitar a viagem, na outra, na Record tem que dirigir o carro. Mas é bom também saber passar a marcha, frear”, compara.

Ele, que deixou para Rodrigo Faro o comando de ‘O Melhor do Brasil’, tem ciúme, mas diz torcer pela atração. “Não dá para abandonar o barco e querer que afunde”, brinca. “Tem tanto flamenguista que joga no Vasco. Faz parte da vida de jogador, artista. O coração não está onde está a ação. Ao sair da Globo, fiquei triste, mas me adaptei”, finaliza.

Créditos: Sabrina Grimberg / O Dia


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