O amor proibido entre o "filho do diabo" e uma santa. É esse o ponto de partida de "Paraíso", trama de Benedito Ruy Barbosa que estreia nesta segunda (16) no horário das seis da Globo. Remake da novela exibida em 1982 na mesma emissora, a história gira em torno das lendas que cercam as vidas de Zé Eleutério (Eriberto Leão) e Maria Rita, ou Santinha, (Nathalia Dill).
A adaptação é feita por Edmara Barbosa com colaboração de Edilene Barbosa, ambas filhas do autor que já adaptaram "Cabocla" e "Sinhá Moça", outras obras de Benedito, anos atrás. "Não deixava ninguém colocar a mão nas minhas coisas. Confesso que achei estranho escrever com elas no início, mas fui abrindo espaço e elas fazem bem para burro", avalia o autor. "Estamos atualizando a novela, mas compromissadas com a primeira versão", resume Edmara.
Zé Eleutério, ou Zeca, é conhecido como o "filho do diabo" desde que seu pai Eleutério (Reginaldo Faria) comprou uma garrafa com um diabinho dentro. A morte da esposa e de um amigo após a tal aquisição reforçou ainda mais a ideia e deu margens a vários desdobramentos sobre o fato na cidade. Assim, Zeca tem de conviver com o fardo da fama. "É um personagem emocionante, que extravasa toda sua ânsia por liberdade no berrante", diz Eriberto, referindo-se ao objeto inseparável do "peão doutor". Na primeira versão, Zeca foi vivido por Kadu Moliterno, que desta vez interpreta Bertoni, dono do bar mais badalado da cidade. "Adoraria fazer o Zeca de novo, mas não dá, né?", diverte-se o ator.
Já a doce Maria Rita foi criada como uma verdadeira santa. Vários milagres lhe foram atribuídos ainda na infância, mas a verdade é que sua mãe, Mariana (Cássia Kiss), não conseguiu seguir carreira religiosa, casou-se contrariada com Antero(Mauro Mendonça) e depositou todas suas frustrações na filha. "Ela tem muito respeito pela mãe, mas sofre porque ela impõe um caminho que Maria Rita não tem certeza se quer seguir", explica Nathalia sobre a personagem, que vai se apaixonar justamente pelo "filho do diabo".
Ambientado em Mato Grosso, na fictícia cidade de Paraíso, o folhetim promete belas paisagens, rodas de viola, amores proibidos, mistério e humor. Com cenas gravadas no Pantanal e na Chapada dos Guimarães, a música é outro elemento bastante presente - inclusive com a participação do cantor Daniel, que vive o violeiro Zé Camilo. "Não tenho a pretensão de ser ator. Mas, como surgiu o convite e me identifico com o mundo rural, resolvi aceitar", pondera ele, também em cartaz nos cinemas com o filme "O Menino da Porteira".
Mas "Paraíso" vai mostrar, principalmente, o quanto uma crendice popular pode se perpetuar a ponto de influenciar várias vidas. "A história é muito densa, não tem como olhar de outra forma", valoriza o diretor Rogério Gomes.
Antes mesmo de estrear, a trama já vem com uma importante missão: alavancar a audiência do horário. Afinal, "Negócio da China", de Miguel Falabella, sua antecessora, amargou baixíssimos índices - chegou aos 14 pontos no ibope e colecionou problemas como a saída do protagonista e pouca frente de gravações. Com a experiência de ter escrito 34 novelas, Benedito parece tranquilo quanto à responsabilidade. "Novela das seis dar 16 pontos; das sete, 26, e das oito, 32, não pode. É preciso que a gente tenha visão. O público de novela é heterogêneo. Você não pode tratar como se fossem todos da Avenida Paulista, dos Jardins, das praias. Beijar na boca e tirar as roupas é grosseria", dispara.
"Paraíso" estreia hoje às 18h. Na Rede Globo!