O professor pergunta para a sala de aula quem sabe o nome do sujeito que criou a teoria da evolução das espécies por meio de seleção natural. A menina-mutante Claire Bennet escreve no seu caderno: Charles Darwin (1809-1882), mas prefere não dizer nada, esperando que os colegas respondam. Todos, porém, ficam em silêncio. Desapontado com a ignorância dos alunos, o mestre explica as idéias do naturalista britânico.
Quatro meses depois de terem salvo Nova York de uma explosão devastadora, a trupe dos heróis que desenvolveram habilidades sobre-humanas devido a alterações genéticas reaparece para a segunda temporada de "Heroes", que estréia amanhã, às 21h, no Universal.
Antes de tudo, agora eles têm de lidar com uma questão existencial. O que fazer com superpoderes num mundo de pessoas normais? Uns têm medo de serem aprisionados numa jaula e estudados como cobaias, outros querem salvar o planeta de suas mais terríveis ameaças, e há, ainda, os que desejam apenas realizar fantasias pessoais.
O pai de Claire, a adolescente que nunca se machuca, pois desenvolveu a capacidade de auto-regeneração de ossos, pele e órgãos, quer escondê-la. Proíbe-a de se destacar na escola, o que a deixa deprimida. Já Hiro se vê no Japão do século 17 diante de um ídolo de infância. E o ambíguo herói Peter Petrelli acorda desmemoriado na Irlanda. Também uma nova mutante aparece em Honduras, de acordo com o clima de globalização dramática da série.
Enquanto isso, um vírus também planetário começa a se espalhar e fará com que o grupo tenha de se juntar para ajudar o planeta a livrar-se dele.
Apoiada na idéia de que pessoas geneticamente especiais podem salvar o mundo, "Heroes" espelha cada dia mais os EUA de hoje. A obsessão com a figura do presidente, que precisa tomar decisões drásticas e polêmicas para proteger a nação, e o tamanho crescente das crises possíveis -na primeira temporada a ameaça era "apenas" a destruição de Nova York, agora podem ser doenças planetárias, o terrorismo ou o aquecimento global- são apenas um termômetro das neuroses coletivas do país.
Mas tratar o seriado apenas como fenômeno sociológico seria muito ranzinza. Na mesma linha de "24 Horas" e "Lost", "Heroes" extrapola os limites do suspense dentro do formato e deixa os espectadores em constante estado de aflição. Não será diferente nesta segunda fase. Só resta esperar que a crise dos roteiristas não estrague essa aventura.
Fonte: Folha Online