Embora a imprensa estivesse reunida num dos estúdios do Projac, na Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feira (12), o ambiente não poderia ser mais propício para apresentar uma minissérie que retrata os anos 80. A trilha sonora impecável contava com o mega-hit Thriller, imortalizado por Michael Jackson. Entre as iguarias, docinhos e sanduichinhos daqueles que se levavam nas festas de hi-fi. Para completar, um elenco descolado e talentoso, com idéias libertárias e muita vontade de ver a obra no ar.
Escrita por Maria Adelaide do Amaral e dirigida por Denise Sarraceni, Queridos Amigos será exibida, a partir do dia 18 de fevereiro, num total de 25 capítulos. Adaptação da autora para um livro dela mesma, Aos Meus Amigos, publicado em 1992, a minissérie fala basicamente da amizade.
“É nos amigos que está a segurança. Eles nos estendem a mão e é nela que nos agarramos para sair do buraco”, sintetiza Fernanda Montenegro, que na obra vive a animada Iraci.
Pela primeira vez, Fernanda contracena com Juca de Oliveira, o Alberto, que embora seja casado, vive uma relação de profundo amor com a amante.
“Eles têm um amor profundo, mas Iraci não quer saber de casamento, desse rami-rami. Ele, por sua vez, tem um casamento infeliz e incompreendido”, adianta Fernanda.
No centro da trama estão 12 amigos - Lena (Débora Bloch), Benny (Guilherme Weber), Tito (Matheus Nachtergaele), Vânia (Drica Moraes), Bia (Denise Fraga) Ivan (Luiz Cartlos Vasconcelos), Pedro (Bruno Garcia), Pingo (Joelson Medeiros), Raquel (Maria Luisa Mendonça), Lúcia (Malu Galli), Rui (Tarcício Filho) e Léo (Dan Stulbach). Eles se reencontram quando um deles, Léo, à beira da morte, decide reviver dias felizes sem contar aos amigos a verdadeira intenção do encontro. Todos levam angústias e frustrações, que são reveladas com o desenrolar da trama.
“É uma miscelânea. Todos eles perderam a crença em alguma coisa. Acredito que nós ainda estamos vivendo resíduos dessa época”, analisa Guilherme Weber, que vive o homossexual Benny.
Matheus Nachtergaele, intérprete do comunista Tito, destaca a mensagem subliminar da minissérie.
“Os anos 80 foram marcados pela passagem de um período de liberdade, sonho, guerrilha, para o capitalismo. O mundo se rendeu aos Estados Unidos. O importante é entender que existe sim um projeto para o mundo em que vivemos. A idéia de solidariedade e comunidade foram por água abaixo”, explica Matheus.
O humor não ficará de fora e será explorado de forma elegante nas figuras dos travestis Brenda e Cíntia, vividos por Ricardo Monastero e Odilon Esteves, respectivamente. Extravagantes, os dois são finíssimos e usam roupas de grife, trazidas do exterior. São amigos de Benny (Guilherme Weber).
“Tivemos que ser muito homens para interpretar esses travestis. E ganhei algo como um passaporte, entro nesse mundo e volto transformado, sem uma penca de preconceitos que tinha anteriormente. Aprendi a entender esse universo”, aponta Odilon Esteves.
Outro item interessante serão as danças protagonizadas por Fernanda Montenegro e Juca de Oliveira.
“Essa dupla vai arrasar no mambo”, torce a diretora, Denise Sarraceni.