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Fórmula de "American Idol" não muda: popular e previsível

por jeferson, em 13/03/2008

American Idol já selecionou seus 12 finalistas, e entre eles estão os arquétipos de passadas temporadas: a loirinha rural, de cabelos agora alisados e ostentando um guarda-roupa que parece saído do shopping center mais próximo; o cantor que se inspira no soul e consegue imitar Luther Vandross maravilhosamente; a menina roqueira que tem de se esforçar para não papagaiar Janis Joplin; e o ídolo adolescente em botão com um look novo concebido para atrair audiências mais velhas.
Estamos na sétima temporada do programa televisivo de maior sucesso, e é revelador que um dos mistérios mais interessantes do ano gire em torno do novo palco do programa, que será revelado terça-feira à noite pela rede Fox.

Os produtores de American Idol ressaltaram fortemente o fato de que a temporada apresenta o mais forte elenco em muito tempo, e o desempenho dos cantores até agora confirma essa alegação. Mesmo assim, o programa parece acomodado às idéias de edições passadas.

Há os "escândalos" que surgem na Internet, que os produtores parecem perdoar sem dificuldade, entre os quais um candidato que já trabalhou como stripper e uma jovem da qual fotos reveladoras estão circulando online. Também temos as mesmas questões quanto ao amadorismo de alguns dos concorrentes, pelo menos um dos quais já lançou um disco por uma grande gravadora.

E, entre os jurados, Simon Cowell continua malvado e suas opiniões francas ainda geram vaias da platéia, enquanto Paula Abdul continua a enfrentar dificuldades para formular uma frase.

Talvez essa repetição responda pela queda na audiência que o programa vem atraindo a cada semana. American Idol uma vez mais é o programa mais assistido na TV dos Estados Unidos, de acordo com a Nielsen. Mas a média de 30 milhões de telespectadores registrada na terça e na quarta-feira é cerca de 10% inferior aos 33 milhões de telespectadores que acompanharam o programa nos dois primeiros meses da temporada passada, e 5% inferior à do período em 2006.

Embora não sejam quedas desastrosas, em um ano no qual a maior parte das redes sofreram quedas de audiência, vale a pena apontar que a Fox foi a única rede que registrou alta de audiência no final do ano passado, ante 2006. E a audiência continua em alta, graças aos números polpudos que ela registrou em fevereiro com a transmissão do SuperBowl.

Mas resta a perspectiva de que o reality show que um dia foi o mais inovador da TV se tenha tornado, em sua sétima temporada, talvez um dos mais previsíveis.

Por conta dessa previsibilidade, e do estrito controle que a Fox e os produtores mantêm sobre os candidatos, a legião de jornalistas que acompanha cada tremor no programa tenta gerar material com base em qualquer indício. Antes que os episódios de abertura de temporada, mostrando as audições iniciais dos candidatos, fossem concluídos, já havia boatos sobre alguns candidatos que lançaram discos no passado.

Carly Smithson, a bartender irlandesa que vive em San Diego, foi tema de reportagem do Wall Street Journal em 2002. O texto descrevia como a gravadora MCA Records investiu US$ 2 milhões na promoção de seu disco, Ultimate High, que vendeu 378 cópias. (Ela na época usava seu nome de solteira, Carly Hennesy.)

Smithson, que está entre os 12 selecionados, e Kady Malloy, eliminada na semana passada e também detentora de um álbum em seu currículo, não violaram as regras, sob as quais um candidato não pode ter contrato com gravadora ou agente no momento da inscrição.

"Não creio que isso seja muito importante", disse Malloy a jornalistas depois de ser eliminada. "Qualquer um pode lançar um disco fracassado, e qualquer um consegue um contrato de gravação, hoje em dia".

Os produtores também defenderam David Hernandez, cantor de Glendale, Arizona, que trabalhava em um clube de strip-tease em Phoenix até o final do ano passado. Em entrevista à revista TV Guide, Ken Warwick, um dos produtos executivos de American Idol, disse que "a verdade é que não julgamos as pessoas pela maneira que encontram de ganhar a vida. Elas precisam pagar suas contas. E já tivemos strippers nos show".

Ainda que os produtores tenham excluído uma candidata, Frenchie Davis, na segunda temporada, depois que ela posou para fotos topless veiculadas em um site, permitiram que outros candidatos, entre os quais Ramiele Malubay, que está entre os 12 finalistas este ano, se mantivessem na disputa depois que surgiram fotos que os mostravam em poses reveladoras -mas de roupa.

Tudo isso empalidece diante da grande pergunta: quem vencerá? A fórmula do programa dita que os telespectadores votem, e que o menos votado dos candidatos seja eliminado a cada semana. Nigel Lythgoe, um dos produtores executivos, explicou em entrevista há algumas semanas que o número de votos não é revelado porque a audiência poderia cair caso o público soubesse que há um candidato bem à frente, como aconteceu com Carrie Underwood na temporada quatro, afirmou.

Entre os atuais finalistas, Cowell apontou David Archuleta, 17, de Murray, Utah, como o favorito. Os favoritos de Cowell nem sempre vencem -dois anos atrás, ele apontou Chris Daughtry, e Taylor Hicks acabou sendo o vencedor.

Daughtry encontrou muito mais sucesso no mercado do que seu antigo rival, e recentemente retribuiu o favor declarando em entrevista à revista Rolling Stone que acreditava que faltava credibilidade a American Idol, hoje em dia, e que o programa "está em declínio".

Depois que seus comentários causaram furor, ele se retratou em seu site oficial, http://www.daughtryofficial.com. ¿Se vocês tivessem ouvido toda a conversa, saberiam dos meus elogios ao programa¿, afirmou.

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME


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