Armada com olhar angelical e jeito dissimulado, a esquizofrênica Flora de A Favorita tem tudo para fazer Patrícia Pillar entrar para a lista de intérpretes dos maiores vilões da história da teledramaturgia brasileira.
Novata no assunto, a atriz está se deliciando com a chance. "Essa é a primeira vilã que faço e, com certeza, é o papel mais difícil e forte da minha carreira. Para um ator, não tem brincadeira melhor. Encaro como um jogo. Mas Flora é Flora e Patrícia é Patrícia", diferencia a atriz, em entrevista ao site da novela.
Especialista em novelas e doutor em teledramaturgia pela USP, Mauro Alencar está encantado. "A virada foi incrível. O trabalho da Patrícia está muito bom", elogia.
Passando pela aprovação do público, Patrícia vai se juntar a atores como Beatriz Segall, a eterna Odete Roitman de Vale Tudo; Renata Sorrah, a Nazaré de Senhora do Destino; Rubens de Falco, o Leôncio de Escrava Isaura; e Cláudia Abreu, a cachorra Laura de Celebridade. Todos esses personagens, além de José Lewgoy, como Ambrósio, em Feijão Maravilha, fazem parte da lista de vilões inesquecíveis de Alencar.
"Existem gradações de vilania. Na ordem, ficariam Leôncio, Odete, Nazaré, Coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho em Irmãos Coragem) e Laura", enumera, deixando de fora, propositalmente, Mária de Fátima, papel de Glória Pires em Vale Tudo. "Não era vilã: era uma pobre coitada que sofria rejeição social", julga.
Com a carreira marcada pela vilania, Joanna Fomm discorda e elege Maria de Fátima a pior de todas. "Era uma peste. A cara de anjo dela me impressionava¿, relembra Joanna, que na TV viveu vilãs como Yolanda Matos, de Dancin Days, Lúcia, de Corpo a Corpo e a "carismática má" Perpétua, de Tieta. "Ela era mais circense que vilã. Na rua, os garotos me pediam para correr atrás deles", ri.
Em certos casos, a força do personagem é tanta que o artista não se desvincula do papel. Hoje, 20 anos após Vale Tudo ser exibida, Beatriz Segall se recusa a comentar o sucesso da vilã, mas concorda que Odete Roitman entrou para a história. "Já faz 20 anos que fiz esse papel", desconversa, elogiando João Emanuel em A Favorita: "Foi um golpe de mestre trocar a vilã com a boazinha".
Renata Sorrah também tem Odete Roitman e Laura na lista de favoritas, mas defende que "Nazaré foi a melhor vilã já escrita". "Era saborosa, engraçada, humorada", define. Para ela, esse tipo de personagem não é difícil, se o ator entrar no jogo. "Não tem esforço, tem talento. É gostar do personagem."
Cláudia Abreu teve a experiência e concorda: "Laura tinha veia cômica. É ótimo quando você se diverte e volta mais leve para casa."
Créditos: Sabrina Grimberg / O dia