Mesmo sendo exibido na faixa das 23h, em plena terça-feira, o programa "Profissão repórter", comandado pelo jornalista Caco Barcellos, é um sucesso de crítica e público. Nas últimas três semanas, a audiência atingiu os 21 pontos de média, considerados ótimos para o horário.
O programa, dirigido por Marcel Souto Maior, começou como um quadro no Fantástico, onde ficou por dois anos. Também teve quatro edições especiais, com mais tempo de durante. Depois, ganhou um horário fixo, nas noites de terças, depois do humorístico "Toma lá dá cá". Caco Barcellos, que trabalha com uma equipe de oito jovens repórteres — Caio Cavenchini, Felipe Gutierrez, Gabriela Lian, Júlia Bandeira, Mariane Salerno, Nathália Fernandes, Thaís Itaqui e Thiago Jock —, se diz surpreso com a repercussão entre o público.
- Eu já era relativamente conhecido, havia um assédio, mas agora é muito maior. Fico impressionado como as pessoas comentam. Gente nova, mais velha, de todas as classes sociais. Elogiam, sugerem pautas, é ótimo - comemora ele.
A produção do programa não é nada simples. Depois de uma reunião de pauta, em que todos, sem exceção, sugerem temas para as reportagens, as equipes partem para as ruas para apurar as histórias. É importante que cada tema tenha quatro abordagens diferentes.
— Nossa pauta é muita complexa. Precisamos sempre encontrar um tema que tenha essas quatro abordagens bastante diferentes. E gostamos de variar, tratar de assuntos como comportamento, violência, politica. Gostamos de ação também — diz Barcellos.
Com o material bruto nas mãos, vão todos para as ilhas de edição, onde é definido o direcionamento de cada programa. Barcellos revela que essa etapa do trabalho já não é mais feita pelos iniciantes.
— Antes, eles participavam de todas as fases do trabalho, pré-produção, produção, apresentavam. Agora, temos uma equipe de edição profissional. O repórter dá um direcionamento à reportagem, mas não é responsável pela edição do programa — explica o jornalista veterano.
Os jovens do "Profissão repórter" são todos de São Paulo e apenas dois deles, Caio e Júlia, não entraram na emissora selecionados pelo programa de estágio da Globo. Para Barcellos, a pouca idade da equipe é um dos trunfos do programa.
— Eles têm uma inquietude, uma vontade de descobrir mais, de fazer mais. Isso é importante para um programa como o nosso — analisa ele.
Na próxima terça, os repórteres vão falar sobre pessoas que vivem na linha de tiro. No Pará, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Recife e em Mato Grosso, eles encontraram personagens que moram em áreas perigosas.
Mais usados nas primeiras edições do "Profissão repórter", os bastidores da produção de cada reportagem, que rendem cenas curiosas e, por vezes, engraçadas, têm sido exibidos com mais parcimônia.
— Depende muito de cada reportagem, às vezes rende mais, às vezes menos. Queremos, sim, mostrar as dificuldades e curiosidades de cada produção, mas não é sempre que temos coisas realmente interessantes. Mas continuamos exibindo o sofrimento do repórter com alguma história, ou alguma barreira que o entrevistado estabelece — explica Barcellos.