Baixa audiência abala gravações de "Negócio da China"

Depois de estrear com 30 pontos de audiência, no último dia 6, Negócio da China marcou 15 pontos na semana passada, e acumulou a média mensal de 18. Os dados da novela das seis da Globo ligaram o alerta vermelho do autor Miguel Falabella, diretores e atores.

"Está rolando uma pressão. O Falabella tem assistido às gravações ao lado dos diretores. E outro dia pegou um deles pelo braço para explicar como queria que a cena fosse feita. O clima ainda é bom, mas todo mundo fica meio assim com a presença do autor ali", contou uma fonte da produção da novela. Procurado pela reportagem, o autor não se manifestou.

Entre alguns atores, o comentário é de que o galã Fábio Assunção não é mais capaz de alavancar a audiência. Ele teria faltado a gravações, e tem fama de "chinelinho" porque se atrasa e é visto dormindo por horas dentro do provador. "Está igualzinho ao que fazia nas gravações de Paraíso Tropical. Enquanto isso, o rival dele na trama está tinindo", conta um ator, referindo-se ao português Ricardo Pereira.

Parte do elenco atribui ao excesso de "aventura" da sinopse como umas das razões para a baixa audiência. "Aquela coisa de perseguição de chineses parecia meio Os Mutantes (novela da Record) e não agrada ao público do horário", diz uma fonte. No entanto, Falabella investirá ainda mais nas lutas, como o kung fu. O personagem chinês Liu (Jui Huang), que morreria no início da trama, será mantido.

Ney Latorraca, que interpreta o apaixonado Edmar, não vê crise. "Nenhuma novela começa bombando e continua assim o tempo todo, essa queda já aconteceu tantas vezes. Dezoito pontos de audiência é um número altíssimo para qualquer produto de TV, mas tenho certeza de que vamos chegar aos 30 novamente", argumenta.

Apesar dos baixos índices registrados por Ciranda de Pedra - novela antecessora -, o ator acredita que Negócio da China vai conquistar o telespectador: "Toda novela quando começa enfrenta o público 'viúvo' da produção que acabou. E a crise das bolsas de valores abalou o mundo inteiro, inclusive as televisões. As pessoas têm visto mais os telejornais".

Ainda segundo Ney, não existe clima ruim nos bastidores da trama. "Só tem macaca velha nessa novela, somos todos profissionais. Já recebemos os capítulos dos próximos dois meses", diz ele, que virou fã da protagonista novata Grazielli Massafera. "A Grazi está atuando muito bem".

Para o autor Walcyr Carrasco, que reinou no horário com as maiores audiências no passado recente da emissora, em Chocolate com Pimenta (2003) e Alma Gêmea (2005), além da supervisionar O Profeta (2006), não há receita de sucesso. Após o término de Três Irmãs, Walcyr vai assinar sua segunda novela das sete.

"Não existem fórmulas prontas. Sempre me perguntam a respeito disso, mas a condição da arte é não ter fórmulas. Não tenho a menor idéia do que faz das minhas novelas um sucesso", explica ele. Resta saber quem desvendará esse segredo, que como diz o velho ditado "é a alma do negócio".

Créditos: Julio Biar / O Dia.