Quem não se diverte olhando fotos do passado, rindo de penteados e roupas bizarras, quilinhos e rugas a mais ou a menos que o tempo tratou de transmutar. Quando o revival é assim, em rede nacional, nem todo mundo acha graça. Afinal, novela não é como foto de RG, que a gente pode para sempre esconder.
Assim que a reprise de Pantanal entrou sorrateiramente no ar no SBT, há duas semanas, o imaginário masculino voltou a ser alimentado pelos banhos de rio, rala-e-rola na relva... E a curiosidade de saber como estão hoje as musas do folhetim, 18 anos após a exibição original na extinta TV Manchete.
Calma, Juma Marruá não virou uma onça desdentada. Cristiana Oliveira, hoje com 44 anos, continua bonita, apesar de não esconder a saudade da época.
“Vejo que profissionalmente amadureci. Mas a Juma tem uma inocência sensacional, uma beleza pura de juventude, algo que era natural em mim naquela época”, fala Cristiana.
Longe de Pantanal, mas alvo fácil de sucessos do Vale a Pena Ver de Novo, na Globo, Cláudia Raia é outra que não renega o passado. Diz não ter vergonha dos quilinhos, maquiagem e madeixas a mais da fase Tancinha, e admite que não gosta de alguns de seus traços antigos.
“Eu implicava com o meu nariz na época do Roque Santeiro e da Rainha da Sucata, era uma coisa que me incomodava”, fala a atriz. “O cabelo também era um exagero, mas era a estética da época. Acho divertido”, completa Cláudia, que engrossa um time de famosas-vinho, que melhoraram com o tempo. “Dizem que a gente encolhe com a idade, então falo que com 60 anos vou estar do tamanho certo”, brinca a grandona.
Mas o tempo não costuma ser generoso com todos. Menino do Rio, o gato Lula de Armação Ilimitada ganhou barriga, perdeu cabelos e parte de seu fôlego radical. Mas o bom humor de André di Biase, 25 anos depois, é o mesmo. “Tenho saudade da minha saúde na época, mas as pessoas ainda me reconhecem na rua (risos)”, conta ele, por ironia do destino no ar em Os Mutantes, da Record, “Quando revi os episódios de Armação em DVD, tudo aquilo voltou na minha cabeça. Mas são fantasmas bons.”
Há ainda os que não gostam de lembrar do passado, como Carolina Ferraz, que, procurada para esta reportagem, não quis falar ao Estado sobre a reprise de Pantanal. E há quem prefira não olhar para trás.
“Não revejo. Não tenho esse tipo de nostalgia, nem tempo para isso”, dispara o ex-galã Fúlvio Stefanini. “O que passou, passou, tá morto e enterrado.”
Para a sorte dos mortais, a TV e o tira-teima mais implacável, o YouTube, estão aí para provar que não é bem assim.