O galã atrapalhado, a loura inescrupulosa, a suburbana sem noção, o pobre que fica milionário, a socialite avoada, o adolescente inconseqüente, o gay e suas citações à Madonna. Seria fácil citar vários outros clichês que pontuam Beleza Pura.
No entanto, diferentemente do que se espera de clichês, a trama de Andrea Maltarolli funciona muito bem. A autora optou por criar uma história leve, com núcleos de desenho pouco complexo que, misturados a elementos originais e um texto cheio de sarcasmo, resultaram na agradável Beleza Pura.
Outro ponto forte é o elenco que, apesar de pequeno em número e de não possuir muitas estrelas, é afinado e competente, praticamente sem exceções. O grande destaque fica por conta de Zezé Polessa, como Ivete.
A atriz tem mostrado seu talento ao interpretar a escandalosa cabeleireira mãe de Anderson e Rakelli, de Paulo Vilela e Ísis Valverde, respectivamente. A atriz rouba a cena a cada grito, e seus olhos arregalados dão toda a graça que a personagem pede.
Ivete é tão marcante que poderá se transformar em um tipo que as pessoas usam como referência ao lembrar de uma novela que já terminou. O núcleo do salão Belezoca, aliás, é o que mais chama a atenção desde o começo.
Regiane Alves e Carol Castro, que começaram apresentando interpretações cheias de trejeitos pouco convincentes, parecem ter encontrado o tom de Joana e Sheila, suas personagens.
As falhas de iluminação - como a sombra que um ator faz no outro - também foram reduzidas. Há mais cenas externas e a história se movimenta rapidamente com a utilização do recurso "alguns dias depois".
Mônica Martelli e Rodrigo Lopéz, que interpretam os primeiros papéis de destaque de suas carreiras, não só atuam bem, como, por várias vezes, são responsáveis por grande parte das risadas do dia.
Mônica Martelli, que vive dois personagens, Helena e Matheus, fez escolhas inteligentes na composição de ambos. Helena é interpretada de forma natural, com gestos sutis e fala simples. Já Matheus tem uma atitude nada contida. A atriz não economiza nas expressões faciais para dar vida ao farmacêutico.
Betão, de Rodrigo Lopéz, é engraçado sem ser pastelão - coisa difícil de fazer quando se interpreta um homossexual, bonitão, maquiador e suburbano. Mérito, em boa parte, do próprio ator, que pediu para diminuir o tom caricato de seu personagem e torná-lo mais próximo de uma pessoa comum.
O humor é o grande sustentáculo da história. Não é à toa que Maria Clara Gueiros foi pinçada do humorístico Zorra Total para reforçar o time.
A atriz vive a socialite Suzy que, entre um tratamento de beleza e outro, arruma tempo para matar - sem querer - os peixes de estimação de seu namorado Raul, de Leopoldo Pacheco, resultando em várias cenas cômicas.
E se rir realmente faz bem para a beleza, Beleza Pura parece se sair bem nos tratamentos estéticos que oferece.
Créditos: TV Press