Alinne Moraes está dividida. Não pode soltar todos os seus demônios, nem ser boazinha. Defi ne Sílvia, em ‘Duas Caras’, sua personagem, como bipolar. “O perfil dela é muito aberto. Queria saber se era mocinha, vilã ou meiotermo, não tive essa resposta até agora. Pelo blog do Aguinaldo será a Fera da Barra, mas não sei de nada oficialmente”, avisa a atriz, que, segundo o que já vazou da trama, será praticamente uma psicopata. Se for para ser má, Alinne vai mostrar um lado que controla no dia-a-dia. “É óbvio que dentro de mim, como de qualquer ser humano, existe um demônio. É bacana quando a gente conhece esse demônio porque podemos controlar. A pessoa inteligente escolhe a melhor parte de si e mostra esse lado”, admite.
Alinne encontrou seu lado mau logo aos 5 anos. “Matei um coelhinho, mas não sei o que aconteceu. Chorei muito. Não foi por maldade”, lembra. Agora, com o lado mau controlado, ela tenta ser boa, mas não muito. “Ser só bom também não é bacana. Você acaba sendo cruel com você mesmo. Não pode falar só sim”, fi losofa com o pensamento construído depois de seis anos de terapia. É essa análise que a faz entender melhor as pessoas. “Algumas me traíram e voltei a colocar dentro de casa. Meu pai só foi me reconhecer quando eu tinha 17 anos de idade. Sempre trabalhei isso dentro de mim. Quando o encontrei nunca tive problemas. Ele me teve com 19 anos, isso assusta qualquer um. Ele morreu faz quatro meses”, lamenta.
Alinne conviveu com o pai por apenas 7 anos. “Ele era fotógrafo e eu adoro fotografia. Acho que puxei isso dele”, afirma. Filha única, criada pela mãe e a avó, Alinne costumava fantasiar no colégio. “Tinha bolsa em escola particular, era uma outra realidade. Criei um outro mundo, sempre disse que tinha irmãos, um pai, que já tinha ido para a Disney. Era uma questão de fantasia e defesa com 8 anos. Quando encontrei a carreira artística percebi que não precisava atuar na rua para ser bacana. A arte é algo que salva”, diz.
E é fantasiando como Sílvia que Alinne também trabalha a relação pai/filha. “Imagino a infância dela querendo disputar o pai com a mãe, chamar atenção, como toda menina. Já fiz esse link para entender por que ela se apaixona pelo Marconi (Dalton Vigh). Ele dá segurança a ela. É a imagem de homem que ela precisa”, analisa.
A maldade, que também vai unir Sílvia e Marconi, ela ainda não começou a trabalhar. “Se começar a fazer minhas cenas atuais, que são de menina apaixonada, já pensando no futuro, posso dar um tom errado para a personagem. Acredito no Aguinaldo Silva, ele vai me salvar e conduzir a trama para que essa transformação não seja louca”, espera. Por isso também ela ainda não estudou a fundo a história da Fera da Barra. “Só sei que é baseada na Fera da Penha, uma mulher de classe média que descobre que o namorado era casado e tinha uma filha e mata a criança”, conta.
Fonte: O Dia