Autora fala de A Força do Querer, intolerância e Vera Fischer.
Autora da novela de maior sucesso em anos, Gloria Perez concedeu entrevista à revista Veja falando sobre A Força do Querer e outros assuntos.
Sobre a trama, a novelista disse que seguiu a ideia das anteriores, como O Clone (2001/2002) e Salve Jorge (2012/2013). "Me interessa falar da dificuldade em aceitar as diferenças: nas outras novelas, fiz isso opondo culturas. O importante no mundo de hoje, onde a xenofobia alcança proporções insuportáveis, é falar de tolerância à diversidade. Aqui, no Brasil, é isso que nos divide: a intolerância", disse ela, que também falou sobre a repercussão das tramas anteriores: "O brasileiro nunca se afastou das novelas. Se alguma não cai no gosto popular, o tamanho da reclamação que surge é a medida da ligação que o brasileiro tem com o gênero".
Gloria confirmou que, décadas atrás, quis fazer uma série sobre João W.Nery, primeiro homens trans do Brasil a passar por cirurgia de retirada dos seios e inspiração para a trama de Ivan (Carol Duarte). "Se a compreensão hoje é difícil, imagine naqueles anos 80. Não se sabia nada sobre transgêneros", disse ela, destacando um aspecto que colaborou para a repercussão positiva do personagem: "Penso que o que fez diferença mesmo foi a luta dos movimentos LGBT".
Na entrevista à jornalista Maria Carolina Maia, a autora também falou sobre Vera Fischer, atriz presente em inúmeras obras suas e que se queixou publicamente do espaço reduzido que teve em Salve Jorge. "Fiquei magoada, sim. A Vera fez uma das personagens mais queridas da minha carreira, a Saninha, de Desejo (minissérie sobre Euclides da Cunha). Sempre tive muito carinho por ela. Em Salve Jorge, ela estava atravessando uma fase difícil, e sabe bem porque teve de ser como foi. Mas passou. Não guardo mágoas desnecessárias", garantiu Gloria, que vai passar férias em Portugal antes de preparar seu próximo trabalho para a Globo.