
Aos 39 anos, o pernambucano Thomás Aquino vive um dos momentos mais intensos de sua carreira. No ar simultaneamente em três produções de grande visibilidade — ‘Guerreiros do Sol’ (Globoplay), ‘Vale Tudo’ (TV Globo) e ‘DNA do Crime’ (Netflix) — o ator celebra a pluralidade dos papéis que interpreta e questiona os antigos moldes da TV brasileira.
“Nunca vi um rosto como o meu sendo tratado como galã. Sempre foi um padrão: branco, olhos azuis... Essas pessoas são bonitas, mas existem outras formas de beleza. Eu represento essa outra estética, que vem da diversidade”, afirma o ator em entrevista à Heloisa Tolipan.
Caminho longo até o reconhecimento
Com quase duas décadas de carreira, Thomás lembra que a visibilidade atual é fruto de anos de estudo, dedicação e persistência. Longe de um “sucesso repentino”, como alguns possam imaginar, ele percorreu um caminho marcado por negativas, testes e dúvidas:
“Estar em várias produções ao mesmo tempo é um presente, mas também uma grande responsabilidade. Foram anos subindo degrau por degrau”, conta.
Antes de se tornar ator, ele cogitava o jornalismo. Tudo mudou após um teste para o espetáculo O Grande Circo Místico em 2006. A paixão pela atuação o levou ao teatro, e depois ao cinema e à TV. Desde então, coleciona trabalhos marcantes como Tatuagem, Bacurau, 3%, Manhãs de Setembro e Os Outros.
Versatilidade em cena: de cangaceiro a publicitário
Em ‘Guerreiros do Sol’, Thomás interpreta Josué, líder do bando de cangaceiros inspirado em Lampião. A trama, escrita por George Moura e Sergio Goldenberg, é ambientada nos anos 1920 e 1930, e mostra a força simbólica do cangaço no Nordeste.
“Ele é um homem íntegro, intenso, mas com lados opostos: o doce e o amargo. Ser líder nesse contexto exigiu muito de mim. Mas é uma honra contar essa história sendo pernambucano.”
Além do preparo físico e do manejo de armas, a leveza de Josué surge em suas danças de forró — uma faceta que Thomás domina com facilidade: “Sou forrozeiro desde os 17 anos!”.
Na novela ‘Vale Tudo’, ele vive um Mário Sérgio mais contido e ambíguo. Já na segunda temporada de ‘DNA do Crime’, assume o papel sombrio de Wellington Pereira, o ‘Sem Alma’, em um universo policial.
“O que me move é a possibilidade de experimentar. Não quero ser rotulado. Quero contar boas histórias, não importa se é no streaming, no cinema ou na TV.”
Galã fora do molde: “O que é ser galã, afinal?”
Rotulado por muitos como o novo galã da televisão brasileira, Thomás reflete sobre o título com maturidade:
“Me sinto honrado, mas me pergunto: o que define um galã? Talvez seja o carisma, a entrega em cena. Porque beleza não está num único padrão. A TV precisa mostrar outras referências.”
Essa percepção também impulsiona sua atuação com autenticidade. Segundo ele, a escuta e o trabalho coletivo são marcas de seu processo criativo:
“O personagem nunca é só o que está no papel. Eu trago minhas referências, vivências e sentimentos. Se não tiver verdade, o público percebe.”
Novos projetos e reconhecimento internacional
Com o prestigiado ‘Bacurau’ (2019), Thomás conquistou reconhecimento internacional. E em breve retorna às telas com o novo filme de Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto, já premiado e previsto para o segundo semestre de 2025.
Além disso, o ator lançará ainda este ano o audiolivro O Misterioso Caso de Styles, de Agatha Christie, e o longa Paterno, de Marcelo Lordello. Ele adianta que já tem projetos para 2026 em andamento, mas mantém segredo.
“Não busco fama pela fama. O que mais me move é o que meu trabalho pode proporcionar para mim e para o público.”
Com informações da jornalista Heloisa Tolipan.
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