Afastado dos bastidores da TV, o diretor tem se dedicado ao ramo dos cursos motivacionais.
Desde 2022, Pedro Vasconcelos, ex-ator e diretor renomado da TV Globo, tem se dedicado ao ramo dos cursos motivacionais, com o objetivo de ajudar pessoas, especialmente ex-colegas demitidos da emissora, a se libertarem de um passado de glórias. Em uma entrevista recente à Revista Veja, Vasconcelos expôs suas opiniões sobre diversos temas relevantes, incluindo a crise na TV aberta, a inclusão na dramaturgia e a posição política da Globo.
Vasconcelos elogiou a base de conteúdo da Globo, destacando os atores, textos e diretores talentosos da emissora. Contudo, ele criticou o foco excessivo no desenvolvimento tecnológico, argumentando que a qualidade narrativa e artística deveria ser priorizada. Para ele, são as grandes histórias e interpretações que realmente conectam o público.
“Atores maravilhosos, textos maravilhosos e diretores maravilhosos: isso é a base de conteúdo, que faz qualquer empresa de dramaturgia dar certo. Pode ser no teatro, no cinema, na televisão. Infelizmente, a televisão foi abrindo mão desse entendimento e investindo única e exclusivamente no desenvolvimento tecnológico, um desenvolvimento muito subjetivo para o espectador. Ele tem que existir, mas não é o que conecta uma história ao espectador. Não é o que faz as massas pararem para assistir a um capítulo do dia seguinte. O capítulo do dia seguinte só é assistido se a pessoa acompanha uma grande história, interpretada por grandes atores, dirigida por grandes diretores”.
Segundo Pedro, a internet é o próximo grande movimento, comparando a situação atual da TV com a do rádio, que perdeu importância mas ainda existe. Ele acredita que a televisão não pode competir com a diversidade de conteúdo disponível na internet, prevendo uma diminuição da relevância da TV aberta.
Sobre a inclusão de temas como homossexualidade e drogas, Vasconcelos defendeu que esses assuntos devem ser abordados de maneira que não choque a audiência familiar. Ele enfatizou a importância da representatividade que enriquece a obra de dramaturgia, em vez de ser apenas um requisito imposto.
Vasconcelos também abordou as denúncias de assédio sexual, incluindo o infame "teste do sofá". Ele afirmou que esse tipo de comportamento está relacionado à falta de caráter dos indivíduos e não é exclusivo da Globo. Pedro lamentou que a falta de ética possa manchar a reputação de uma indústria que exige tanto comprometimento e competência.
“Graças a essa enxurrada de denúncias sobre assédio, vemos hoje teste de sofá em vários outros lugares. Até em lugares inesperados. A Globo levou a fama do teste do sofá, mas o fato é que existia um nível de rigidez, comprometimento, competência, e por isso tão poucas pessoas conseguiam se estabelecer naquele trabalho, ficar ali por muitos anos. O tal do teste do sofá está condicionado à falta de caráter de alguns seres humanos, tanto homens quanto mulheres. É muito triste ver que o ser humano consegue chegar em um lugar tão baixo, ao oferecer vantagens através de abordagens de cunho sexual”.
Pedro Vasconcelos, com suas observações, oferece uma visão crítica e reflexiva sobre a atual situação da TV aberta no Brasil e a evolução da mídia digital, além de suas experiências e perspectivas sobre a inclusão e ética na indústria do entretenimento.