Fantástico estreia série “Terra: Ainda Temos Tempo” com Sonia Bridi

Nova série mostra aquecimento acelerado e soluções possíveis; Negritudes destaca Ana Maria Gonçalves e Lázaro Ramos.

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Sonia Bridi na nova série do Fantástico. Foto: TV Globo/ Divulgação
Sonia Bridi na nova série do Fantástico. Foto: TV Globo/ Divulgação

Quinze anos após uma volta ao mundo sobre clima, Sonia Bridi retorna a campo para investigar os efeitos da aceleração do aquecimento global. A nova série “Terra: Ainda Temos Tempo” estreia no Fantástico neste domingo (12) e reúne reportagens na Dinamarca, Groenlândia, China e Peru, além de diferentes regiões do Brasil, em parceria com o repórter cinematográfico Paulo Zero.

A produção conecta ciência, dados históricos e histórias locais para atualizar o diagnóstico do planeta — e apontar caminhos para ação imediata.

O que mudou em 15 anos e por que “ainda temos tempo”

Na abertura da série, Bridi explicita a virada de chave do projeto: “Os pontos negativos são que nós temos falhado muito em reduzir as emissões de gases de efeito estufa - seja pela queima de combustíveis fósseis, seja pela destruição das florestas. E isso levou ao aquecimento mais acelerado do que se previa há 15 anos. Estamos muito perto do abismo, mas não precisamos caminhar para ele. Por isso o nome da série mudou nestes 15 anos. De ‘Terra, Que Tempo É Esse?’ para ‘Terra: Ainda Temos Tempo’”.

O primeiro de seis episódios começa em Copenhague, ao lado do glaciologista Sune Orlander Rasmussen, em um galpão mantido a 30 °C negativos para preservar testemunhos de gelo — registros que guardam bolhas de ar milenares. Como resume o pesquisador: “Tudo o que sabemos de gás carbônico e outros gases de efeito estufa vem dos testemunhos de gelo. Porque eles têm essas cápsulas do tempo que ficaram perfeitamente isoladas, aprisionadas entre os cristais de gelo conforme a neve caía”.

A série relembra que, desde a Revolução Industrial, o planeta nunca aqueceu tão rapidamente, com o uso de carvão e petróleo elevando a concentração de gás carbônico a patamares sem precedentes em mais de um milhão de anos.

Tecnologia, custo e soluções em escala

Mesmo diante do quadro crítico, Bridi destaca que há ferramentas concretas para conter o avanço: “Temos esperança, tecnologia e os meios para virar esse jogo. Talvez as coisas mais positivas sejam a consciência da crise, que está muito mais clara no mundo todo. Há grupos organizados promovendo mudanças, sem esperar pelos governos, com volume de conhecimento acumulado. Isso nos permite diagnosticar o paciente - no caso, nossa atmosfera - e tratar. Sabemos o que precisa ser feito, e na maioria dos casos é mais barato do que o que fazemos hoje. Solar e eólica são as fontes de eletricidade mais baratas disponíveis, e os preços continuam caindo. Sabemos melhorar a produção no campo sem desmatar. Agora é arregaçar mangas e trabalhar”.

Os próximos capítulos percorrem cadeias produtivas, matrizes energéticas e experiências locais que combinam mitigação, adaptação e inovação.

“Negritudes”: literatura, memória e a potência da palavra

No encerramento do programa, o quadro “Negritudes” tem a literatura como fio condutor. Maju Coutinho conversa com a escritora Ana Maria Gonçalves — autora de Um Defeito de Cor, que em novembro assume a cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (13ª mulher e primeira negra a ocupá-la) — e com o ator e autor Lázaro Ramos, que já publicou 11 livros, entre eles A Rainha da Rua Paissandu, homenagem à atriz Ruth de Souza.

A relação de Lázaro com o romance de Ana Maria é central: "Este livro tem a grande qualidade com relação às narrativas negras: não ter o fetiche da dor. Isso é que faz com que seja uma escrita libertadora, e não uma escrita aprisionadora, como muitas vezes acontece. Isso, aliás, tem sido um tema meu até de terapia. De a minha escrita não estacionar na dor".

Ana Maria recorda o papel decisivo da mãe em sua formação: "Ela me formou como leitora. Eu acho que eu não seria a escritora que eu sou se não fosse a leitora que eu fui desde criança. Minha mãe varria a casa com um livro na mão, mexia a comida com um livro na mão, e se a gente conversava com ela enquanto ela estava lendo, ela começava a ler em voz alta".

Serviço

O Fantástico vai ao ar logo depois do Domingão com Huck.

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