Escrita por Bruno Luperi e dirigida por Gustavo Fernandez, trama estreia no dia 22.
Faltam duas semanas para a estreia da nova versão de Renascer e as expectativas são grande. Nesta terça (9), o autor Bruno Luperi e grande parte do elenco da segunda fase adiantaram as emoções que estão por vir a partir do dia 22.
Em um papo virtual com jornalistas estiveram presentes. Marcos Palmeira, Theresa Fonseca, Juan Paiva, Rodrigo Simas, Renan Monteiro, Marcello Melo Jr., Jackson Antunes, Ana Cecília Costa, Samantha Jones, Juliane Araújo, Sophie Charlotte, Gabriela Medeiros, Matheus Nachtergaele, Xamã, Mell Muzillo, Camila Morgado, Vladimir Brichta, Alice Carvalho, Irandhir Santos, Pedro Neschling, Livia Silvia, Gabriel Lima da Silva, Juan Queiroz e José Duboc.
Na primeira versão de Renascer, a história de João Pedro, caçula de José Inocêncio, emocionou o público. Acusado pelo pai de ter matado a própria mãe no parto, João ainda cresceu com esse fardo.
Depois de brilhar como o filho rejeitado do fazendeiro, Marcos Palmeira volta ao remake na pele do próprio José Inocêncio, papel que lá atrás foi de Antonio Fagundes. Marcos fala sobre a sensação de voltar a uma das tramas de maior sucesso de Benedito Ruy Barbosa:
"Eu não fui rever a obra. Fiquei muito feliz pela confiança, depois de ter feito Pantanal. Se hoje estou aqui, devo muito ao Benedito. O interesse é contar uma nova história e não contar a mesma história. O que estou gostando, como já temos uma noção maior com a obra, é entender novas camadas. Em uma obra aberta, às vezes, você não tem muito para onde atirar.
"Todo este encantamento das histórias do cacau, no coração da Bahia, das famílias, do filho espelhado ser o mais rejeitado. O João Pedro é o filho que mais tem a ver com ele, e ele não consegue se aproximar. E a história não tem muito floreio, você já entra na história, não tem grandes sequências de personagens em um barco olhando o mar, por exemplo. Eu não vi a primeira versão porque já trago muito informação do meu João Pedro. As pessoas brincam que agora é a minha vingança (fui o filho e agora sou o pai)", diz Marcos Palmeira.
Vivendo a Eliana, papel de Patrícia Pillar na exibição original, Sophie Charlotte confessa que não se reuniu com a atriz para falar sobre a personagem, mas que sabe da importância desse papel na história:
"Eu ainda não conversar com Patrícia sobre a Eliana dela, mas assisti à novela. Não tinha assistido antes, mas sabia da importância dela. É uma expectativa muito diferente de outros remakes que havia feito, como Ti Ti Ti e O Rebu. Desde a nossa reunião de workshop, eu fique bem emocionada e surpresa de como é emocionante estar numa novela com tantos preceitos. E ter esta homenagem ao Benedito e diretores que participaram da primeira versão."
Sophie também fala que pretende fazer jus à Eliana de Patrícia, mas que também vai recriar um novo papel:
"Sobre a Eliana, os tempos mudaram e a minha personagem se transforma bastante nesta passagem de tempo. Então, ao mesmo tempo que assisti ao trabalho da Patrícia, me senti na liberdade de criar uma nova Eliana. Tenho também a sorte de trabalhar com atores que admiro e já estou encantada com o Pedro, o Rodrigo e a Gabriela. Acho que é uma mistura de responsabilidade e liberdade criativa."
Na novela de 1993, Buba era uma personagem intersexo que vivia um drama para esconder isso de José Inocêncio. No remake, a personagem é uma mulher trans, assim como Gabriela Medeiros, a atriz que a interpreta. Bruno Luperi, autor da novela, fala sobre a mudança:
"Falar de um coronelismo, de um Brasil de 30 anos, onde o homem era o macho, e as mulheres eram reduzidas em seu lugar na sociedade... Trazer a Buba para este espaço, onde ela é uma mulher trans, dá uma margem de trazê-la para a trama central e abre muito espaço para discutirmos o machismo. Ela traz discussões que não poderiam ser feitas 30 anos. Olha como a agenda de gêneros está sendo debatida hoje. Eu tento ocupar muito isso, trazer para os dias de hoje."
Neto de Benedito Ruy Barbosa, criador das exibições originais de Pantanal e de Renascer, Bruno Luperi explica por que não procura mexer muito nas obras do seu avô:
"Mexer num clássico da dramaturgia brasileira, onde novela é algo sagrado, tem um pouco aquela coisa de técnico da seleção. Acho que se as pessoas reclamam, mas continuam assistindo, a novela está sendo bem feita. Autor não é para ser amado. Resumo o meu lugar a uma pessoa que foi designada para adaptar um clássico. Minha proposta não é recriar Pantanal ou Renascer, é adaptar aos dias de hoje. Sou muito fiel ao autor que me precede. Não estou aqui para reinventar a roda. É como se a Globo tivesse me dado a chave de um jardim que meu avô plantou há 30 anos. Eu entro no jardim, consigo ver o que rendeu bem e aquelas espécies que precisam ser melhoradas. Em Pantanal, minha função era a abrir a porteira para quem não tinha assistido e trazer o saudosismo para quem viu. Mexer no brio das pessoas é isso, vai ter quem goste, quem não goste. Quando parece que não fiz nada na novela, é um bom sinal. Espero que Renascer seja assim."
O autor também cita dois atores que estão presentes no remake e que estavam no elenco da primeira versão:
"Espero que as pessoas assistam à primeira versão e se questionem. Eu assisti de novo. Acho ótimo que as pessoas consigam criar este paralelo entre as duas versões. Acho que temos espaço na dramaturgia para debater questões atuais e narrar a história de José Inocêncio. Se quiserem me xingar, me xinguem. Não existe um duelo entre as duas versões. Temos Marquinhos (Palmeira), Jackson (Antunes) que podem falar sobre a primeira versão."
Na história, José Inocêncio tem quatro filhos: José Venâncio (Rodrigo Simas), João Pedro (Juan Paiva), José Bento (Marcello Melo Jr) e e José Augusto (Renan Monteiro). Interpretando o terceiro na linha de sucessão, Rodrigo fala sobre o seu personagem:
"Acho que falar de família é lindo e complicado, pois todo mundo se identifica. Sobre o meu personagem, ele vem dar muito orgulho ao pai. Mas acho que esta relação é dificultada pela falta de carinho. É uma família despedaçada e ele tenta criar este quebra-cabeça. É um cara que vem deste trauma e da ausência de pai e mãe. Eu estou construindo meu personagem com base nesta relação de querer dar orgulho aos nossos pais e regatar este amor."
Filho mais novo de José Inocêncio, João Pedro carrega um grande fardo na sua vida: o desprezo do pai, que culpa o filho pela morte de Maria Santa no parto. Juan Paiva fala sobre o personagem, que na primeira versão foi interpretado por Marcos Palmeira.
"É um cara de muita força, herdado desta mãe. É um cara de muita vitalidade, o suor na lida, pé na terra. Sobre a relação com o pai, vejo que o João gostaria de ter uma relação positiva. Tanto que o embate não atrapalha o respeito que ele tem por este pai. E ele busca este carinho, que ele foi rejeitado. Acho que esta relação ele tem também com os irmãos. Com o José Bento, ele é uma pessoa, com o Venâncio já uma relação de mais afeto. E com o José Augusto, por ser o mais velho, tem uma relação mais distante. O João Pedro é distante da própria família, ele não pode demonstrar seus sentimentos, precisa sempre esconder o seu sofrimento."
Intérprete do filho mais velho de José Inocêncio, Renan Monteiro explica o arranjo familiar de José Augusto:
"A gente vai estar numa família em que os filhos foram criados pelo pai, e no Brasil a maior parte dos filhos é criada pelas mães. Acho que é uma família que sofre pela falta de afeto. Eles cresceram longe deste pai e também quase sem a lembrança da mãe. E a cobrança do pai fere o orgulho deles. E tem esta cobrança, o pai dizendo que 'deu todas as condições' como se afeto fosse isso."
O mais "malandro" dos filhos de José Inocêncio com certeza é José Bento. Isso porque o advogado é avesso ao trabalho e adepto a lei do mínimo esforço. Marcello Melo Jr.
"Acho engraçado porque vejo meus 'irmãos' falarem do sentimento e o meu personagem tem o contrário desta coisa afetiva. Acho que ele tem muito respeito pelo pai, mas um sentimento improdutivo. O José Bento não gosta da pescaria, ele gosta do peixe pronto. Ele cria uma individualidade de querer que eles façam tudo por ele. O José Bento é mais canalha dos irmãos."
Vivendo irmão de Renan Monteiro na novela, Marcello celebra a parceria com o amigo de longa data:
"Eu conheço o Renan há muito tempo, viemos da mesma escola de teatro e as pessoas confundiam a gente. Agora somos irmãos."
Vivendo o papel que foi de Adriana Esteves, Theresa Fonseca fala da pressão que sentiu ao contar para a família que viveria a Mariana no remake:"É a novela favorita da minha família. Parte da minha família vive em Minas Gerais e parte em Goiás e eles têm essa paixão por novela. Quando falei que ia fazer a Mariana, eles acharam que era mentira. Quando viram que era verdade, disseram: “Você tem que fazer perfeitamente, não pode diminuir esta novela”. E aí eu senti a pressão. A Mariana me instiga muito."
Renascer é uma novela escrita por Bruno Luperi baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Gustavo Fernandez, direção geral de Pedro Peregrino e direção de Alexandre Macedo, Walter Carvalho, Ricardo França e Mariana Betti. A produção é de Betina Paulon e Bruna Ferreira e a direção de gênero de José Luiz Villamarim. A previsão de estreia é em janeiro de 2024.