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Diferente de "Pantanal", "Travessia" será exibida como obra aberta

A novela escrita por Gloria Perez terá o privilégio de ser produzido de acordo com a receptividade do público.

por Micael Constantino, em 21/09/2022

Diferente de "Pantanal", "Travessia" será exibida como obra aberta

Em "Travessia", Gloria Perez terá o privilégio que Bruno Luperi não teve ao escrever Pantanal. Devido aos rígidos protocolos da Covid-19 nos estúdios Globo, o neto de Benedito Ruy Barbosa teve que entregar todos capítulos para a produção antes da estreia da atual novelas das 9. Apesar de ter escrito os capítulos com antecedência, o autor não quis ousar e fazer mudanças significativas no enredo criado pelo avô, optou por adaptações pontuais sem comprometer o enredo original, de acordo com informações do Notícias da TV, do Uol.

"As novelas que vieram antes de Travessia aconteceram dessa maneira de estarem todas as escritas por causa da pandemia. Mas é uma exigência da obra aberta ser escrita enquanto a novela é contada, porque a novela, pelo seu próprio formato, é um grande diálogo com o público. Quando você escreve tudo antes para passar depois, o público fica para fora desse diálogo. A grande dificuldade e a grande beleza de escrever uma obra aberta é ter o público dentro", explicou a autora Gloria Perez.

Bastante ativa nas redes sociais, Gloria mantém uma proximidade com o publico e estar sempre atenta, principalmente quando está escrevendo alguma história, para identificar se o público estar gostando da história ou estão tendo dificuldades em assimilar uma mensagem que a autora quer transmitir através de seus personagens.

"Eu sempre presto atenção no que o público está recebendo porque eu acho que, se o público não está entendendo o que você está dizendo, a culpa é sua, o erro é seu. Não é que precise mudar a história, mas trate de contar diferente ou de perceber onde é que está o ruído para tirá-lo fora", conta Gloria.

A autora assume que gosta da proximidade real com o público, de ver se a novela está na boca do povo, de um bordão que algum personagem fale com frequência, se alguém é de associar imediatamente ao personagem que fala em cena.

"Apesar das redes sociais, hoje, eu tenho pesquisadora que também faz esse trabalho de estar na fila de um banco, na fila de algum lugar, e aí soltar um bordão, por exemplo, 'Não é brinquedo, não'. Se a novela for sucesso, a pessoa que está atrás da fila vai dizer: 'Viu ontem a Dona Jura [Solange Couto em O Clone, novela de 2000]?'. A gente vai capturando esse ruído em pequenos espaços e também vai prestando atenção na redes usando o filtro certo", assume Gloria.

Apesar de gostar de ouvir o que o público tem a dizer sobre os rumos de suas histórias, Gloria Perez também gosta de surpreender com acontecimentos que inicialmente não estavam previstos inicialmente. Foi o que em América (2005), quando os protagonistas Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício) terminaram a novela com outros parese e, com Caminho das Índias (2009), Maya (Juliana Paes) terminou com Raj (Rodrigo Lombardi), inicialmente seria o vilão, ao invés de Bahuan (Marcio Garcia), que pegou ares de antagonista no decorrer da história.


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