Conheça a premissa de Três Graças, nova aposta da Globo para bombar às 21h

Quanto vale uma vida? Até onde ir para reparar uma injustiça que. atinge milhares de pessoas doentes?

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Três Graças. Foto: Divulgação/Globo
Três Graças. Foto: Divulgação/Globo

Quanto vale uma vida? Até onde ir para reparar uma injustiça que atinge milhares de pessoas doentes? Em ‘Três Graças’, a próxima novela das nove da TV Globo, o público vai acompanhar, a partir do dia 20 de outubro, os desafios que movem Gerluce (Sophie Charlotte) e o dia a dia intenso dessa mulher forte, esperançosa e de pensamento positivo, numa São Paulo que abriga milhões de brasileiras como ela.

Moradora da Chacrinha, comunidade fictícia na capital paulista, Gerluce integra uma família de mães solo, as três Graças: é filha de Lígia Maria das Graças (Dira Paes) e mãe de Joélly Maria das Graças (Alana Cabral). Gerluce abdicou dos seus sonhos, entre eles o de cursar uma faculdade, para se dedicar à criação de Joélly, na tentativa de garanti-la um futuro promissor, diferente do seu e de sua mãe. Mas, quando a gravidez da adolescente se confirma, ela fará de tudo para impedir que a filha desista dos seus projetos e ambições.

A obra, criada e escrita por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, com direção artística de Luiz Henrique Rios, apresenta uma trama repleta de humanidade e esperança, que mistura drama, tragédia, romance, mistério e toques de humor. Criador de histórias marcantes e personagens icônicos, como as vilãs Perpétua, de 'Tieta', e Nazaré Tedesco, de 'Senhora do Destino', de mulheres fortes, como Tieta, da novela homônima, e dos carismáticos Crô de 'Fina Estampa' e o comendador Zé Alfredo, de 'Império', entre muitos outros, Aguinaldo está de volta ao horário nobre da TV Globo após seis anos. O autor, vencedor de dois Emmys, traz nesta nova novela todas as suas vivências, referências e sua assinatura única na teledramaturgia.  

A inspiração para o enredo de ‘Três Graças’ veio de uma experiência de quase 20 anos. Aguinaldo escrevia ‘Duas Caras’, exibida em 2007, quando visitou uma maternidade pública. A quantidade de adolescentes grávidas no local, sem o apoio dos pais dos bebês, o marcou. “A trama fala de três mulheres que foram mães muito cedo, aos 15 anos, não tiveram apoio dos pais das crianças, foram à luta e passaram por situações extremas. Mas levam uma vida muito parecida com a vida dos nossos espectadores. Ou seja, elas batalham, são otimistas, têm fé no futuro e se envolvem com histórias típicas de um folhetim. É uma ficção que tem o privilégio de poder se inspirar na realidade”, define o autor.  

Parceiros de trabalho de Aguinaldo em outros projetos, Virgílio Silva e Zé Dassilva assinam juntos pela primeira vez a autoria de uma obra. Os autores ressaltam que a novela evidencia o abismo social que existe em nosso país, no contexto ficcional da história. “A trama mostra a diferença entre os que têm tudo e os que têm muito pouco, e a busca dessas pessoas - cada uma a seu modo - para se manterem de pé diante da vida”, define Virgílio. “Acho que temos aspectos clássicos das grandes histórias populares que o brasileiro aprendeu a amar, como mocinhas imperfeitas e vilãs que fazem o público se encantar, mesmo torcendo contra. Mas isso com um olhar de agora, conversando com o Brasil atual, através da realidade de Gerluce (Sophie Charlotte) em contraste com a ganância de Arminda (Grazi Massafera) e Ferette (Murilo Benício)”, completa Zé Dassilva.  

‘Três Graças’ apresenta uma história ambientada na maior metrópole da América Latina e propõe reflexões sobre assuntos contemporâneos, mas a proposta dos autores e do diretor artístico Luiz Henrique Rios é uma obra tragicômica, não naturalista. “Na estética e na interpretação, estamos trabalhando com um tom um pouco acima da realidade. É uma história intensa, com muita cor e vibração. Dessa forma pulsante queremos emocionar e envolver o espectador”, explica Luiz Henrique Rios.   

As três Graças 

De origem humilde e sobrenome Maria das Graças, Gerluce (Sophie Charlotte), a mãe, Lígia (Dira Paes), e a filha, Joélly (Alana Cabral), dividem o mesmo destino: a gravidez solo na adolescência. Mulher doce, resiliente e com grande capacidade de enfrentar adversidades, Lígia encarou de cabeça erguida os desafios de criar a filha sem o apoio de Joaquim (Marcos Palmeira), um sujeito solitário, de comportamento esquisito, que nunca quis assumir a paternidade.  

Com o exemplo da mãe, Gerluce se tornou uma mulher batalhadora e determinada. Ainda muito nova, foi seduzida por Jorginho Ninja (Juliano Cazarré), antigo chefe da facção criminosa da Chacrinha – a comunidade fictícia onde vive com sua família em São Paulo. Desse relacionamento, engravidou de Joélly, que criou apenas com a ajuda de Lígia, enquanto o pai da menina segue preso há muitos anos. Agora que a filha chegou à adolescência, a maior obsessão da vida de Gerluce não poderia ser outra: impedir que sua filha acabe por repetir a sina da mãe e da avó e se torne outra mãe solo. Mas o destino não é algo que se pode controlar. A jovem Joélly, de apenas 15 anos, tem a gravidez confirmada logo no início da história.  

“A gente vai trazer à tona essa tríade de mulheres de diferentes gerações que vivem um ciclo parecido. E o que será que vai interromper esse ciclo? Como é a evolução de uma mulher que se vê mãe tão jovem e depois se vê avó tão jovem? São os desdobramentos disso tudo. É um olhar para uma personagem que vai representar muito bem a mulher que alicerça uma casa, a mulher que dá chão para as outras gerações virem. E a gente sabe que, na estrutura da família brasileira, a mulher é esse alicerce”, observa Dira Paes. 

O bebê de Joélly é fruto do romance com Raul (Paulo Mendes), rapaz rico que passou a frequentar a Chacrinha em busca de drogas e que acaba perseguido pelos traficantes locais em função de dívidas. Gerluce apoia a filha desde o primeiro exame, mas como nunca quis contar para ela quem é seu pai, Joélly, com sua personalidade forte, se sente no direito de não revelar à mãe que se envolveu com o filho da patroa dela, Arminda (Grazi Massafera). A jovem vai enfrentar momentos complicados sem dividir com a família. "Por ter crescido em um ambiente só de mulheres fortes, a Joélly tem uma sagacidade e uma esperteza que lhe dão uma certa independência. Acredito que, por isso, ela toma decisões sozinha e não divide suas questões. Ao mesmo tempo, é extremamente sonhadora e romântica, acredita muito no amor", define Alana Cabral.  

Enquanto Gerluce e Lígia desconhecem que Joélly vive uma situação delicada com o pai da criança,que revela não ter condições de criar um filho, Joélly encontra em Kellen (Luiza Rosa), sua melhor amiga, o apoio para lidar com a relação proibida e conturbada. 

Em meio a uma rotina exaustiva, que encara com otimismo, Gerluce faz o possível para proteger e incentivar a filha a cursar uma faculdade. E como Ligia precisou se afastar do trabalho como cuidadora de Josefa (Arlete Salles), por causa de uma doença pulmonar grave, Gerluce assumiu o posto da mãe na mansão de Arminda, filha da idosa. Lá será onde, por uma coincidência do destino, vai descobrir que sua mãe é vítima de um esquema de falsificação de remédios em que a Arminda está envolvida. “Existe uma injustiça muito grave sendo cometida contra a comunidade dela, que está recebendo remédios falsos. E o que a Gerluce vai fazer com essa informação? Ela precisa cuidar da mãe, é esteio da família naquele momento. Ao mesmo tempo, é perigoso mexer com gente tão poderosa. Existe um desafio sobre como agir e quais caminhos seguir”, analisa Sophie Charlotte.  

A rotina de Gerluce no casarão da “dona cobra” 

O trajeto da fictícia Chacrinha, na Zona Norte de São Paulo, para o trabalho, na Aclimação – bairro nobre da região central da cidade -, é longo. Gerluce (Sophie Charlotte) precisa pegar dois ônibus para chegar ao destino e, se atrasar cinco minutos, leva uma chamada de Arminda (Grazi Massafera). A madame, do tipo que sente o mundo girar em torno dela, acha que todos devem servi-la. Expressa desprezo por qualquer pessoa de classe social inferior e até pela família. O que faz Gerluce aguentar o temperamento de “dona cobra”, como Arminda é intitulada pelos empregados, é seu apreço por Josefa (Arlete Salles), uma senhora espirituosa, que sofre de lapsos de memória, mas tem lembranças que costumam deixar a filha em maus lençóis. Ela cuida da idosa durante o dia e é rendida por Claudia (Lorrana Moussinho) no turno da noite. Busca proteger Josefa da negligência da megera, que também não poupa o filho Raul (Paulo Mendes) de seu desprezo e humilhações. O rapaz é fruto do casamento de Arminda com Rogério, um homem que sumiu em circunstâncias misteriosas.  "Arminda é uma vilã bem clássica, imoral. Ela tem um humor que não chega a ser ácido, vai mais para o macabro. A relação com a família é tóxica. Ela não admira o filho em nada, e tem conflitos com a mãe o tempo inteiro. É uma mulher sem filtro", conta Grazi Massafera. 

Na rotina dessa casa de ambiente disfuncional, Gerluce descobre que existe um quarto misterioso, que fica sempre fechado. Um dia, ela percebe que a porta do local está entreaberta, se depara com escultura As Três Graças – obra neoclássica que retrata deusas da mitologia grega – e fica fascinada com tanta beleza. Em seguida, encontra no quarto uma sacola de supermercado com maços de dinheiro, quando Arminda chega e a flagra no local, mas não consegue ter certeza do que a cuidadora realmente viu. Gerluce não tira a cena da cabeça e descobre que a obra de arte vale um milhão de dólares. A partir deste episódio, ela começa a refletir sobre a injustiça de existir tanto dinheiro nas mãos de poucos, enquanto milhares de pessoas passam necessidade a sua volta.     

Ferette e seu esquema de falsificação de remédios  

As sacolas de supermercado com dinheiro chegam à mansão de Arminda (Grazi Massafera) pelas mãos de seu amante Santiago Ferette (Murilo Benício), um falso benfeitor. Homem acima de qualquer suspeita, poderoso e respeitado, é referência no assistencialismo aos mais necessitados. Recebe homenagens pelo trabalho social que realiza na Fundação Ferette, da qual Rogério, o marido desaparecido da madame, era sócio. O dinheiro, que esconde dentro da escultura As Três Graças, vem de um esquema criminoso e muito lucrativo envolvendo remédios de alto custo, distribuídos gratuitamente a pessoas carentes. Quando Arminda conta a Ferette que Gerluce (Sophie Charlotte) entrou no quarto da estátua, ele se preocupa e passa perseguir a jovem. “A relação entre Ferette e Arminda existe há um tempo, e eles são parceiros de crime. Formam uma dupla muito ardilosa de vilões, carregada de segredos. Eles têm o rabo preso um com o outro justamente porque dividem esses segredos”, analisa Murilo Benício.  

A fundação do vilão recebe verbas milionárias para adquirir os medicamentos e entregar gratuitamente em suas farmácias. Porém, os remédios são revendidos no mercado clandestino por um valor abaixo da tabela e com pagamento em dinheiro vivo – daí as sacolas cheias de notas que são guardadas dentro da obra de arte. Para realizar a distribuição dos medicamentos à população carente, Ferette montou uma fábrica, onde produz os placebos feitos de farinha que substituem os comprimidos de verdade. O local é comandando por Vicente (Marcello Escorel), e o criminoso conta com Macedo (Rodrigo Garcia) e Edilberto (Júlio Rocha) para sua segurança e todo o tipo de trabalho ilegal. Na fundação, os funcionários desconhecem o esquema da Casa de Farinha e acreditam que fazem parte da equipe de uma entidade respeitada. Nem Xênica (Carla Marins), que cuida de diversos assuntos, nem a chef de cozinha da instituição, Samira (Fernanda Vasconcellos), desconfiam de nada.   

A esposa de Ferette, Zenilda (Andreia Horta), admira profundamente a dedicação dele ao trabalho social e se orgulha da família que construíram. O casamento de mais de 20 anos gerou dois filhos, Leonardo (Pedro Novaes) e Lorena (Alanis Guillen). Zenilda é muito dedicada ao lar, um apartamento de alto luxo próximo ao centro financeiro de São Paulo, e ao bem-estar de todos. Ela acredita no amor de Ferette, mas chega a desconfiar de que ele vive uma história paralela. Contudo, procura não pensar nisso, e jamais passa por sua cabeça que ele possa ter um caso com Arminda, sua amiga inseparável desde a juventude. "Zenilda é uma pessoa muito alegre, leve e atenta ao outro. É uma advogada que não exerceu a profissão para se dedicar integralmente à família, mas, agora, com os filhos criados, começa a desejar trabalhar. Ela não imagina como o marido é por trás da máscara, realmente não conhece essa face dele, embora deseje mais do que Ferette a oferece, porque está sempre cansado, sempre dedicado ao trabalho. Então ela vive à espera, completamente apaixonada", revela Andréia Horta.   

Leonardo trabalha com o pai na fundação e sonha ser seu sucessor, sem desconfiar de que os medicamentos doados são falsos e que pessoas morrem por causa disso. "O Léo se relaciona bem com a família, mas, principalmente com o pai, tem muita troca, já que trabalham juntos e almeja assumir o lugar dele. Ele tem uma referência do que é certo dentro da ‘bolha’ em que vive, e isso vai gerar muitos conflitos internos diante dos acontecimentos que irão surgir", revela Pedro Novaes. 

A única pessoa na família que desconfia de Ferette é Lorena (Alanis Guillen). Acredita que o pai tem uma ambição desmedida e se incomoda com a posição de passividade que a mãe ocupa na relação. São comuns os embates entre os dois em casa. "Lorena não tem medo de ousar nem de lutar pelo que acredita. É uma ‘contracorrente’ entre os pais e o irmão. Tem muito amor e diversão entre eles, mas ela questiona algumas ideias e comportamentos, assim como a ela mesma também, já que cresceu nessa estrutura", analisa Alanis Guillen.    

Policial Paulinho Reitz: o amor surge na vida de Gerluce  

Com tantos problemas e a rotina agitada, Gerluce (Sophie Charlotte) não consegue tempo para o lazer e muito menos para namorar. Até por isso sua paquera atual é o motorista de uma das linhas de ônibus que pega todos os dias. Nos trajetos longos entre a Chacrinha e o bairro da Aclimação, a cuidadora e Gilmar (Amaury Lorenzo) conversam e combinam encontros. 

Bonita e atraente, Gerluce chama a atenção de Paulinho Reitz (Romulo Estrela), policial honesto e íntegro, durante uma investigação no posto de saúde onde ela leva Joélly (Alana Cabral) para fazer os exames de gravidez, em situação um tanto complicada.

Quando descobre que Gerluce trabalha na Aclimação, Paulinho dá um jeito de estar por perto. Demonstra interesse pelos problemas que ela enfrenta e diz que pode contar com ele em diversas situações. Das conversas durante as caronas para o trabalho, os dois, aos poucos, iniciam um namoro apaixonado, que entrará em crise quando ela descobrir sobre o esquema dos remédios. "O Paulinho é um cara que, de fato, vive para trabalhar, e, em determinado momento, encontra a Gerluce e se encanta de novo. Isso o faz pensar que a vida também é olhar para si e se cuidar, viver um pouco fora do trabalho. Os dois têm um senso de justiça muito grande, que vai fortalecer a conexão entre eles", analisa Romulo Estrela. 

O impacto dos remédios placebo na Chacrinha

Enquanto Santiago Ferette (Murilo Benício) e Arminda (Grazi Massafera) enriquecem a cada dia, os moradores da Chacrinha que tomam os medicamentos distribuídos pela farmácia da fundação Ferette sentem a piora em seu estado de saúde. Uma dessas pessoas é Lígia (Dira Paes), a mãe de Gerluce (Sophie Charlotte). Ela sofre de uma doença pulmonar grave e, percebendo-se mais fraca e debilitada com o passar do tempo, desconfia de que os remédios não façam efeito. Viviane (Gabriela Loran), a farmacêutica responsável pela distribuição na comunidade, passa a desconfiar dos remédios ao ouvir queixas de outros moradores. Chega a comentar suas desconfianças com o médico voluntário da comunidade, José Maria (Túlio Starling), mas ele defende a entidade, pois confia no trabalho de sua mãe, Xênica (Carla Marins), funcionária da Fundação Ferette. 

A suspeita de Viviane aumenta quando Misael (Belo) entra transtornado na farmácia, contando que a esposa, Isaura, morreu, e acusando os medicamentos de não serem verdadeiros. Misael faz um escândalo na frente do prédio em que Ferette será homenageado por seu trabalho social. Na frente de vários convidados, acusa o dono da fundação de ter matado sua mulher. Depois de ser perseguido por um capanga de Ferette, ele vai se refugiar no ferro velho desativado do amigo Joaquim (Marcos Palmeira).  “Misael é um homem de princípios firmes, leal aos seus afetos e extremamente dedicado às pessoas que ama. Tem um senso de justiça muito forte e não se intimida diante de desafios, mesmo que isso signifique se colocar em situações difíceis”, revela o intérprete Belo.    

Percebendo que sua reputação está em perigo, Ferette tenta se livrar de Misael e proteger o sigilo do seu esquema. Ele aproxima o filho Leonardo (Pedro Novaes) de Viviane, para saber se existem as mesmas acusações de outros pacientes da Chacrinha. 

Mas basta um descuido de Ferette durante uma conversa com Arminda (Grazi Massafera) para que Gerluce fique sabendo que eles distribuem remédios falsos aos pobres. Com a mãe a cada dia mais doente e a notícia de mais uma morte na comunidade, ela conta para Viviane o que ouviu e decide fazer uma denúncia na delegacia da região. A esperança por justiça dura pouco: Ferette é muito poderoso e o delegado se recusa a investigar o caso. Até onde ir e o que fazer para reparar essas maldades, passa a ser, então, o dilema que vai acompanhar a protagonista ao longo dos capítulos. 

'Três Graças' é uma novela criada e escrita por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, com direção artística de Luiz Henrique Rios e produção de Gustavo Rebelo e Silvana Feu. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim.

Gravações em São Paulo movimentaram diversas regiões da capital paulista

A grande São Paulo, com seus prédios imponentes e enorme diversidade populacional é onde se passa a história de 'Três Graças'. No mês de julho, equipe e parte do elenco viajaram para a capital paulista, dando início às filmagens das primeiras cenas da obra. Os trabalhos duraram quase um mês.  

Durante dias frios e ensolarados, as cenas foram rodadas, em grande parte, na Brasilândia, na região Norte da cidade, onde é retratada a comunidade fictícia da obra. Foi lá que as protagonistas Sophie Charlotte, Dira Paes e Alana Cabral se encontraram pela primeira vez no set de gravação. Também gravaram na cidade Romulo Estrela (Paulinho), Murilo Benício (Ferette), Arlete Salles (Josefa), Paulo Mendes (Raul), Xamã (Bagdá), Luiza Rosa (Kellen), Guthuierry Sotero (Júnior), Lorena (Alanis Guillen), Mell Muzzillo (Maggye), entre outros.   

Para o diretor artístico Luiz Henrique Rios, começar os trabalhos no local retratado na história é fundamental. "É muito importante para a narrativa mostrar a cidade, não só como normalmente se mostra São Paulo, com seus grandes prédios, mas o dia a dia das pessoas. Alguns personagens vivem na comunidade da ficção, que estamos ilustrando como uma parte da Brasilândia, um lugar muito diverso. Trazer essa realidade para dentro da nossa comunidade proporciona a ampliação do espaço cenográfico. Temos uma grande cidade cenográfica, mas queremos misturar com muito do que acontece na Brasilândia. Gravamos em cinco locações dentro desse grande complexo", conta o diretor. Cerca de 100 pessoas da equipe da novela e 30 figurantes locais participaram de cenas na comunidade. Ruas, vielas e espaços urbanos da região foram usados nas sequências.  

A atriz Sophie Charlotte conta como a ambientação na Brasilândia contribuiu para a composição da personagem: "Achei muito emocionante começar as gravações no local, olhando o trânsito das pessoas, todas muito carinhosas com a gente, recebendo a nossa gravação com tanta curiosidade. Observei as pessoas circulando pelas ruas, idosos, crianças jogando bola... Começar vendo a vida do lugar inspira muito. Como atriz, busco na realidade a fonte para a história fictícia que vamos contar".

Os bairros Aclimação, Bela Vista, Pinheiros, Pirituba e Freguesia do Ó também estão entre as locações da novela. A fachada da Sala São Paulo, uma das mais modernas salas de concerto do mundo, no centro da cidade, foi cenário de uma das gravações mais complexas da viagem. No local foram realizadas as cenas em que Ferette (Murilo Benício), junto de sua família, chega para ser homenageado por seu trabalho social. É também o momento em que Misael (Belo) acusa o “benfeitor” de distribuir remédios sem efeito para a população carente. “Quando procuramos as locações, queríamos que tivesse uma personalidade, então evitamos os pontos mais comuns da cidade. A intenção era buscar uma São Paulo diferente do que já vimos retratadas em outras produções”, conta o produtor da novela Gustavo Rebelo.  

O conceito visual de Três Graças: sofisticação, identidade e ousadia estética em cada detalhe 

‘Três Graças’ aposta em uma estética pulsante e não-realista para contar sua história com o vigor e a intensidade típicos de uma tragicomédia. Todo o conceito visual foi desenvolvido pelo diretor artístico Luiz Henrique Rios em parceria com a diretora de arte May Martins. Juntos, com as equipes de cenografia, iluminação, produção de arte, figurino e caracterização, construíram uma proposta única que traduz a força dos personagens e dos espaços que habitam. 

“Esse conceito também se reflete na forma como Luiz Henrique está gravando: ele utiliza lentes e zooms com movimentos que acompanham essa respiração e esse pulso. No fim das contas, há perigos ali, as situações são extremas”, pontua May, que também destaca a importância da permeabilidade dos espaços para reforçar o suspense da trama. “Os ambientes são muito integrados, o que contribui para a fluidez narrativa. Sempre há algo acontecendo em algum lugar”, explica. 

ENTREVISTAS COM OS AUTORES

AGUINALDO SILVA

Apaixonado por literatura, Aguinaldo Silva se tornou jornalista e, depois, autor de tramas de grande sucesso na televisão. Na década de 1980 assinou, com Dias Gomes, ‘Roque Santeiro’ (1985); ‘Vale Tudo’ (1988), com Gilberto Braga e Leonor Bassères; e ‘Tieta’ (1989). Com outros parceiros, o principal deles Ricardo Linhares, escreveu sucessos como ‘Pedra Sobre Pedra’ (1992), ‘Fera Ferida’ (1993), ‘A Indomada’ (1997), ‘Senhora do Destino’ (2004), ‘Fina Estampa’ (2011) e ‘Império’ (2014) - esta última ganhou o Emmy Internacional de melhor novela. Em 2019, escreveu ‘O Sétimo Guardião’. Depois de seis anos, o autor retorna à teledramaturgia com ‘Três Graças’, uma obra criada e escrita com Virgílio Silva e Zé Dassilva.

Do que trata ‘Três Graças’, a nova novela das nove?  

‘Três Graças’ fala de três mulheres que foram mães muito cedo, aos 15 anos, que não tiveram o apoio dos pais das crianças e foram à luta, passaram por situações extremas. Elas levam uma vida muito parecida com a vida dos nossos espectadores. Ou seja, elas batalham, são otimistas, têm fé no futuro e se envolvem com histórias típicas de um folhetim. É uma ficção que tem o privilégio de poder se inspirar na realidade. Nossa protagonista, a Gerluce (Sophie Charlotte), é uma mulher inconformada com a injustiça, com as maldades que assolam sua comunidade e sua família, numa São Paulo que abriga milhões de brasileiras como ela. Ela repetiu o destino da mãe Lígia (Dira Paes): engravidou de Joélly (Alana Cabral) na adolescência. Mas, quando a gestação precoce da filha se confirma, ela vai fazer de tudo para impedir que Joélly renuncie a seus projetos e ambições, assim como ela e a mãe foram obrigadas a fazer. Ao mesmo tempo, ao se ver diante de corruptos que prejudicam uma multidão de doentes em benefício próprio e com a mãe entre a vida e a morte, Gerluce encara um dilema. Até onde ir quando se precisa batalhar pela sobrevivência?    

A novela vai trazer uma história contemporânea, que se passa na maior metrópole da América Latina, São Paulo. Que assuntos da atualidade são abordados na trama?  

A novela se passa em dois ambientes: a comunidade fictícia Chacrinha, onde vivem os personagens mais carentes, e os bairros nobres de São Paulo, onde estão os responsáveis pelo crime dos remédios falsos. Esses mundos se cruzam porque Gerluce (Sophie Charlotte) trabalha na casa de Arminda (Grazi Massafera), uma das vilãs da história. Estamos criando uma novela com uma linguagem bastante popular e abrangente, que fala do dia a dia das pessoas, dos desafios que se encontram em uma grande metrópole, de quem sai às 5h da manhã e pega três ônibus para ir trabalhar. Ao mesmo tempo, a novela também fala sobre os dramas pessoais de cada um e de como é possível ser otimista e positivo diante das desigualdades e injustiças. É uma obra da atualidade, do ônibus, do metrô, do trem, mas não será uma novela naturalista: a ficção é a base para a nossa criação. Ainda assim, a trama propõe reflexões importantes a partir de temas hoje discutidos. Teremos, no núcleo das protagonistas, a questão da gravidez na adolescência; falaremos de corrupção e falsificação de remédios. Também vamos abordar aspectos da nossa sociedade. Tudo isso num contexto ficcional.  

A gravidez na adolescência é um tema de destaque na novela. Como surgiu a ideia de retratá-lo na obra?  

Quando eu estava escrevendo ‘Duas Caras’, por uma razão que tinha a ver com a trama da novela, fui fazer uma pesquisa na maternidade Leila Diniz, no Rio de Janeiro. Quando cheguei lá, logo cedo, tinha uma fila enorme de mulheres esperando para serem atendidas, e eu percebi que a maioria dessas mulheres eram meninas. Isso me chocou profundamente, porque eram adolescentes grávidas, de 15, 16 anos. Algumas ainda com jeito meio infantil. Um amigo que foi comigo na ocasião falou uma frase que me marcou: “Você está vendo algum homem aqui?”. Ou seja, eram mães solo, o que me tocou demais. Isso foi lá em 2007, mas eu fiquei com aquela ideia da fila de meninas grávidas à espera de atendimento da maternidade. Achei que um dia eu teria de escrever sobre elas, e foi, na verdade, desse meu compromisso que surgiram essas três Graças: três mulheres que foram mães muito precocemente, sem que houvesse nenhum homem na família que as apoiasse nesse processo.

A novela também trata de um esquema criminoso de falsificação de remédios. Você se baseou em algum episódio verídico para trazer esse assunto para a história?  

Esse é mais um tema que parte da realidade para a ficção, muito embora a novela não seja um retrato fiel, porque a linguagem da dramaturgia é outra. Mas o noticiário fala de casos assim, de remédios falsificados, de apreensão, de ação policial contra fábricas clandestinas. É um assunto grave. Já houve casos no Brasil em que pessoas foram enganadas ao tomar medicamentos placebo, que não fazem efeito. Lembro do caso de mulheres que engravidaram por causa de pílulas anticoncepcionais feitas de farinha, isso em 1998, e ficaram anos buscando reparação. Nessa novela, a fábrica chama-se “casa de farinha”, porque os "medicamentos” são feitos dessa matéria-prima. A mensagem que queremos passar com essa trama é a confrontação que existe na sociedade brasileira entre as pessoas que trabalham e dão tudo de si, e pessoas muito egoístas que só visam o dinheiro e pouco se importam com quem está sendo prejudicado pelo mal que praticam.

De que forma a escultura das Três Graças aparece na história? 

A novela se chama ‘Três Graças’ porque é o sobrenome das três protagonistas, mas também porque existe na casa da Arminda (Grazi Massafera) uma escultura neoclássica que se chama Três Graças. Nós criamos um escultor chamado Giovanni Aranha, que é italiano, e que fez aquela obra especificamente. Arminda e Ferette (Murilo Benício) usam essa estátua de uma maneira bastante ilegal. Ela é mantida no quarto, na casa dela, e nunca é exposta. Ninguém sabe mais que essa estátua está com eles, é um mistério, porque ela guarda um segredo que vai ser revelado. Gerluce (Sophie Charlotte) será a primeira a desconfiar de seu verdadeiro valor.  

Suas novelas anteriores foram marcadas por grandes personagens, como as vilãs Perpétua, de 'Tieta', Nazaré Tedesco, de 'Senhora do Destino', e mulheres fortes, como Tieta, da novela homônima, e Maria do Carmo, também de 'Senhora do Destino', além dos carismáticos Crô de 'Fina Estampa' e o comendador Zé Alfredo, de 'Império'. Em que personagens está apostando em ‘Três Graças’?  

Estamos apostando muito na protagonista, a Gerluce, que tem um caráter multifacetado e é sempre altamente positiva. Mas tem personagens muito interessantes, como a Josefa (Arlete Salles), a mãe da Arminda (Grazi Massafera). Ela sabe que a filha é uma bandida e faz o possível para infernizar a vida dela. Eu uso inclusive a suposta falta de memória, que ela realmente tem, para atrapalhar a vida da filha e castigá-la. Ela não é uma velhinha doce, ela é terrível. Tem a Arminda, que é uma daquelas minhas vilãs completamente ensandecidas, que são capazes de fazer as coisas mais absurdas e, ao mesmo tempo, parecer que são engraçadas, mas não são; são cruéis. Eu tenho toda uma linhagem de mulheres vilãs, além das heroínas, que causaram muito rumor. Foi o caso da Nazaré (Renata Sorrah em ‘Senhora do Destino’), que até hoje continua viva andando aí pelas ruas do Rio de Janeiro (risos).  

Como tem sido criar e escrever essa história ao lado do Virgílio Silva e do Zé Dassilva?  

Tem sido muito legal, com a gente não tem tempo ruim. Começamos a trabalhar eu e o Virgílio, e então chamamos o Zé. Formamos o trio dos Silvas. É um trabalho que funciona como uma fábrica de montagem, somos três autores. Eu me acostumei a trabalhar em equipe no jornalismo. Na minha época, você tinha a obrigação de diariamente botar um jornal nas bancas, então todos trabalhavam para isso.

VIRGÍLIO SILVA 

Jornalista de formação, Virgílio Silva fez sua estreia como roteirista e pesquisador na TV Globo em 2014, na novela ‘Império’, escrita por Aguinaldo Silva, obra que conquistou o Emmy Internacional. Também atuou como corroteirista na novela ‘O Sétimo Guardião’, outra criação de Aguinaldo. Além disso, colaborou como corroteirista no filme ‘Crô em Família’ (2018), o segundo spin-off para o cinema do personagem da novela ‘Fina Estampa’. Agora, em 2025, Virgílio assina a coautoria de ‘Três Graças’, em parceria com Aguinaldo Silva e Zé Dassilva. Antes de se tornar roteirista, Virgílio desempenhou funções de repórter e editor em Brasília.   

Que mensagens a novela vai passar ao público? 

É uma novela que fala sobre pessoas que trabalham, que enfrentam a vida com coragem, que passam por cima das aflições e dos medos e vão à luta, não só pela sobrevivência, mas porque viver é bom. Então, ‘Três Graças’ é uma novela que passa, essencialmente, a mensagem de que viver vale a pena, independentemente dos obstáculos que vão surgindo à nossa frente. 

Conte um pouco sobre o processo de criação de ‘Três Graças’ junto com o Aguinaldo e o Zé Dassilva. 

Aguinaldo e eu nos reunimos, durante a pandemia, em São Paulo, e desenvolvemos uma sinopse para série. Depois da sinopse pronta, avaliamos que a história tinha todos os elementos de uma novela. Foi aí que eu sugeri ao Aguinaldo convidar o Zé Dassilva para trabalhar conosco. E nós três começamos a trabalhar juntos, fazendo reuniões semanais on-line. Nesses encontros, ampliamos a sinopse, novos personagens e tramas paralelas foram surgindo... e chegamos à novela ‘Três Graças’.   

A novela traz núcleos bastante diferentes entre si, que evidenciam uma grande desigualdade social. O que desejam mostrar com esse contraste? 

Eu diria que ‘Três Graças’ é um recorte do Brasil atual. A trama mostra a diferença entre as pessoas que têm tudo e as que têm muito pouco, e a busca dessas pessoas - cada uma a seu modo - para se manterem de pé diante da vida. E vale dizer que, nem sempre, essas pessoas se valem de meios morais e eticamente aceitáveis para sobreviver. Os vilões, por exemplo, acreditam tão intensamente no que fazem que, em sua visão, tudo parece natural, corriqueiro… e, assim, seguem repetindo. 

De que forma a atmosfera de mistério aparece na trama? 

Toda novela precisa ter um grande mistério, e ‘Três Graças’ não vai fugir a essa regra básica do melodrama, que é uma coisa que o Aguinaldo sempre repete para a gente. Nós temos um grande mistério que gira em torno de uma escultura, que, não por acaso, dá – também – nome à novela. Dentro dessa escultura, sem que a maioria das pessoas saiba, está guardado um grande segredo.  

O que o público pode esperar de ‘Três Graças’, na sua opinião? 

O público pode esperar um novelão clássico, um melodrama, como devem ser as novelas. Uma história com questões próprias dos brasileiros e com as quais muitas pessoas vão se identificar, mas que, por ser uma novela, terá sempre aquele tom acima. Afinal, é entretenimento!  

ZÉ DASSILVA

Zé Dassilva é roteirista, diretor, produtor, cartunista e membro da Academia Internacional de Artes e Ciências da Televisão (que promove o Emmy Internacional). Trabalha como roteirista na TV Globo desde 2000. Foi roteirista em ‘Império’, novela criada por Aguinaldo Silva e vencedora do Emmy Internacional em 2015. Ao longo de 25 anos, criou roteiros para programas que marcaram época na TV brasileira, como ‘Sai de Baixo’, ‘Casseta & Planeta, Urgente!’ e ‘Linha Direta’, onde foi redator-final, além de quatro temporadas de ‘Malhação’. Já colaborou em dez novelas, entre elas ‘Cara e Coragem’ (2022), de Cláudia Souto, indicada ao Emmy Internacional em 2023, e ‘Mania de Você’, de João Emanuel Carneiro, indicada ao Emmy Internacional em 2025.  

A história de Três Graças se passa em São Paulo. A cidade pode ser considerada um personagem nessa trama? 

De fato, São Paulo está viva na trama. Até por ser a maior cidade do Brasil, ela é a que mais representa a pluralidade desse nosso país cheio de contrastes. Isso está presente na rotina da protagonista Gerluce (Sophie Charlotte), que sai todo dia da comunidade fictícia da Chacrinha para trabalhar como cuidadora da idosa Josefa (Arlete Salles) na mansão da filha dela, nossa vilã Arminda (Grazi Massafera). É como se Gerluce saísse de um planeta para chegar a outro, mas sem sair de São Paulo, até porque esses dois planetas estão interligados, na trama e na vida real. Sempre que vou a São Paulo, fico observando todas as pessoas que circulam e imaginando a história de vida que cada uma delas carrega. É muito bacana estarmos contando tramas de pessoas que poderiam fazer parte desse caldeirão que resume o Brasil. 

De que forma o humor aparece na novela?

Temos um núcleo cômico, o da família do porteiro Rivaldo (Augusto Madeira), mas há também humor na trama principal, o que faz parte do DNA de Aguinaldo Silva. O embate entre personagens como a vilã Arminda (Grazi Massafera) e sua mãe Josefa (Arlete Salles), uma senhora mais esperta do que aparenta, além de emocionar, deve divertir o público também. 

Na sua opinião, quais os grandes diferenciais da novela para conquistar o público? 

Acho que temos aspectos clássicos das grandes histórias populares que o brasileiro aprendeu a amar, como mocinhas imperfeitas e vilãs que fazem o público se encantar, mesmo torcendo contra. Mas isso com um olhar de agora, conversando com o Brasil atual através da realidade de Gerluce (Sophie Charlotte), da ganância de Arminda (Grazi Massafera) e Ferette (Murilo Benício), e através também da realidade de quem mora na fictícia Chacrinha. Lá, muita gente está sofrendo devido a uma injustiça, há pessoas morrendo, até que se cansam disso e decidem fazer algo. Acredito que o público vai se envolver e torcer muito para que nossos protagonistas consigam virar esse jogo. 

Conte como foi sua contribuição com o Aguinaldo e o Virgílio Silva na criação da história. 

Essa é a terceira obra em que trabalho com Aguinaldo e Virgílio (começamos em ‘Império’), e é a primeira em que assinamos a autoria junto dele – o que é motivo de muita alegria e gratidão. Nós três temos algumas coisas em comum: viemos todos de cidades pequenas do Brasil (eu de Criciúma, em Santa Catarina; Virgílio, de Montes Claros, em Minas Gerais; e Aguinaldo de Carpina, Pernambuco). Também começamos trabalhando no Jornalismo, e acho que essas duas características influenciam no nosso jeito de ver a vida e de trabalhar. O Jornalismo tem algo a ver com a novela, eu acho, a começar pelo fato de que todo dia tem de ser produzida uma nova edição ou um novo capítulo. É praticamente uma aula diária ver Aguinaldo retornar às novelas, e eu costumo dizer que “o nosso camisa 10 voltou”.  

De que forma os temas abordados em ‘Três Graças’ se conectam com o Brasil de hoje? 

Todo mundo conhece uma Gerluce! Uma mulher que foi mãe cedo e que teve de criar sua criança sem a ajuda do homem, que nunca assumiu a paternidade. Para isso, ela abdicou dos seus sonhos e teve de aceitar um emprego de baixa renda, deixando de estudar. Temos milhões de lares comandados só por mulheres, e acredito que isso tenha grande potencial de identificação e conexão com o público. Há ainda o tema do abismo social, com uma desigualdade provocada por pessoas que têm tudo exatamente porque exploram quem não tem nada. É isso que nossa protagonista Gerluce lutará para reverter.

ENTREVISTA COM O DIRETOR ARTÍSTICO LUIZ HENRIQUE RIOS

Formado em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia, Luiz Henrique Rios é diretor na Globo desde os anos 1990, quando dirigiu ‘Quatro por Quatro’ (1994) e 'A Indomada' (1997), entre outras. Como diretor-geral, esteve à frente de produções de destaque como ‘Da Cor do Pecado’ (2004), 'Belíssima' (2005) e ‘Passione’ (2010). Como diretor artístico, assinou ‘Totalmente Demais’ (2015), ‘Pega Pega’ (2017), 'Bom Sucesso' (2019), ‘Além da Ilusão’ (2022) e 'Terra e Paixão' (2023). Está de volta ao horário nobre em ‘Três Graças’, repetindo a parceria de 'A Indomada' com Aguinaldo Silva, que agora assina com Virgílio Silva e Zé Dassilva.     

Do seu ponto de vista, qual é a história que ‘Três Graças’ quer trazer para o público? 

‘Três Graças’ é uma história sobre o bem e o mal. O bem é o amor, o mal é o desamor. O bem é reconhecer o valor das coisas; o mal é atribuir valor equivocado. A novela fala de amor, esperança e da possibilidade de que o bem – como ideia e como sentimento – triunfe sobre o mal. 

A Gerluce (Sophie Charlotte) é a protagonista da novela, uma mulher que representa a esperança do brasileiro. Como você enxerga essa personagem? 

Quando convidei a Sophie Charlotte para interpretá-la, disse que Gerluce é, essencialmente, esperança. Ela representa milhões de brasileiros que enfrentam dificuldades diárias, mas seguem acreditando na vida. Criada por uma mãe solo, ela mesma se torna mãe jovem e luta todos os dias para resolver seus problemas. Gerluce é uma mulher de ação – como todos os nossos personagens –, não de recalque. Ela age, busca soluções, mesmo quando precisa ir contra sua própria moral por algo maior. Ela é inspiradora, positiva, e representa a força de quem acredita que viver é o maior valor. 

A novela tem uma abordagem estética e narrativa diferente. Como você está trabalhando a obra na direção? 

A proposta é construir uma tragicomédia, com interpretações que não sejam totalmente naturalistas. A dor pode gerar humor, e a leveza pode ser intensa. Visualmente, vamos usar luzes mais teatrais, cores mais vibrantes, e fugir do realismo. Ao retratar a comunidade, queremos mostrar sua potência criativa e existencial, não apenas a carência. A ideia é recortar a realidade, e não apenas a reproduzir. Tratamos de questões muito verdadeiras que tangenciam uma série de realidades, mas sob a ótica da ficção: a maternidade solo, a gravidez na adolescência, o abandono parental, a saúde pública. A gente tem uma população muito adoecida e uma elite que tem muita dificuldade de enxergar a sua própria realidade num país profundamente desigual.  

E como o público vai se conectar com essa proposta? 

Espero que todos se divirtam. Entretenimento não é só comédia, é também drama, romance, tragédia. A novela deve permitir que o público se envolva, se emocione, torça. A identificação vem quando os personagens despertam sentimentos. 

A novela se passa em São Paulo, o que é incomum nas obras do Aguinaldo Silva. Como foi essa escolha? 

São Paulo foi escolhida por sua diversidade. Temos locações como Aclimação, onde mora a Arminda, personagem da Grazi Massafera; Pinheiros, onde vive Ferette (Murilo Benício); Vila Madalena, para os personagens ligados à arte; e a comunidade fictícia Chacrinha, inspirada na Brasilândia. A cidade oferece múltiplas identidades que enriquecem a narrativa. 

No elenco, há muitos atores consagrados, mas também jovens talentos e nomes da música. Como foi feita essa seleção? 

A ideia era montar um elenco popular e diverso. Trouxemos atores consagrados, como Marcos Palmeira e Murilo Benício, e também novos talentos. Belo, por exemplo, fez um teste excelente e trouxe verdade ao personagem Misael. A escolha da Sophie Charlotte para Gerluce também foi certeira – ela encantou nos testes e incorporou a personagem de forma única.

Você trabalhou com o Aguinaldo Silva em ‘A Indomada’. Como foi esse reencontro, agora como diretor artístico? 

Estou maravilhado. Acho um texto sempre surpreendente, um autor muito generoso, uma pessoa muito boa de trocar, de trabalhar. Até agora, e tenho certeza de que até o fim, será um grande parceiro. Sinto nele uma pulsão de desejo criativo, que é raro, pertence a grandes autores. E tenho tido a chance e a sorte de estar trabalhando com grandes autores. Alguns que têm grandes histórias, outros que estavam começando, mas eu digo que o destino me tem sido muito favorável, porque, de alguma forma, ao encontrar um autor, eu tenho conseguido construir histórias bacanas. 

Como está o desenvolvimento da trilha sonora? 

A trilha vai refletir o universo de São Paulo, com diversidade sonora – do gospel ao rap, do sertanejo ao funk. Queremos algo que represente os personagens e seja desejado pelo público. 

Qual é sua expectativa para ‘Três Graças’? 

Que seja uma novela divertida, criativa e envolvente. Espero que o público se apaixone pelos personagens, se emocione com a trama e queira continuar assistindo.  

Enquete

Três Graças promete grandes atuações. Qual atriz deve brilhar mais na trama?



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