Livro escrito pelo espanhol José María Sánchez Silva inspirou montagens para o cinema e foi o ponto de partida para a criação da nova trama das 6.
Protagonista mirim de Amor Perfeito, Marcelino (Levi Asaf) não veio da imaginação dos autores Duca Rachid, Julio Fischer e Elísio Lopes Jr. O menino criado pelos religiosos de uma Irmandade nasceu da cabeça de um espanhol: José María Sánchez Silva, na primeira metade do século XX.
A nova novela das 6 é livremente inspirada na obra "Marcelino Pão e Vinho", do autor espanhol, publicada pela primeira vez no começo dos anos 1950. Transposta para o cinema em 1955, tornou-se um sucesso mundial. O longa-metragem foi reconhecido nos mais importantes festivais de cinema do mundo e foi um grande sucesso popular ao redor do planeta, levando multidões às salas de exibição. Outras montagens foram criadas para o cinema, obtendo êxito.
"A primeira vez em que eu fui ao cinema foi com a minha avó, uma imigrante portuguesa, analfabeta, que nunca tinha ido ao cinema também. Não era um hábito dela. Mas ela foi para assistir ao filme 'Marcelino Pão e Vinho' e me levou. Eu tenho uma relação muito afetiva com essa história. Devia ter uns seis ou sete anos de idade e foi muito marcante para mim", recorda-se Duca.
"Eu acho que a gente está sempre honrando alguém (com esses projetos). Sinto um pouco isso escrevendo essa novela com uma história que era muito cara a minha avó. Tenho essa vontade de espalhar um pouco de amor, empatia, essa ideia de solidariedade e fraternidade. Espalhar um pouco de amor, fé e leveza vai ser bom", complementa a autora.
Na trama original de José María, um frade franciscano conta a uma menina doente a lenda de Marcelino, um bebê que foi deixado na porta de um mosteiro e criado pelos religiosos.
Após frustradas tentativas de entregá-lo para adoção, ele acaba sendo criado pelos doze frades. Marcelino cresce fazendo travessuras e levando todos na irmandade à loucura com suas traquinagens e imaginação fértil, inventando histórias inacreditáveis. Porém, uma das histórias que relata desafia a curiosidade dos religiosos, que vão conferi-la pessoalmente. E assim, Marcelino se torna o protagonista de um milagre que marcará para sempre o vilarejo espanhol onde se passa a história.
Em Amor Perfeito, cuja estreia será na próxima segunda, 20/3, os autores pegaram o argumento da história original e criaram outras tramas folhetinescas, como a da mãe, Marê (Camila Queiroz), que procura o filho desaparecido, na fictícia cidade de Águas de São Jacinto, em plena década de 1940.
"Esse é um projeto antigo que eu e Julio (Fischer) acalentamos fazer desde 2003. Escolhemos um Marcelino negro pra recuperar a comunidade negra que ficou apagada pela história", pontua Duca.
"Nosso ponto de partida foi 'Marcelino Pão e Vinho'. Era a semente de uma trama muito bacana. Mas o livro por si só não tem uma estrutura de folhetim. Nosso trabalho foi a partir dessa semente, criando um universo que rodeia a mãe do Marcelino e outras tramas. Diferentemente do livro, decidimos fazer uma mãe viva que procura esse menino, e assim, fomos criando o universo, a cidade de São Jacinto", contou Julio.
Um amor à primeira vista, tendo a fictícia cidade mineira de Águas de São Jacinto como cenário, nas décadas de 30 e 40. Amor Perfeito conta o encontro entre Maria Elisa Rubião, a Marê, uma moça rica, estudante de Administração e Finanças, e o jovem médico Orlando (Diogo Almeida). Os dois se apaixonam assim que se conhecem.
Noiva de Gaspar (Thiago Lacerda), filho mais velho do prefeito Anselmo (Paulo Betti) e da primeira-dama Cândida (Zezé Polessa), Marê vai contrariar os desejos do pai, o empresário Leonel Rubião (Paulo Gorgulho), para viver esse amor por Orlando. A morte trágica do pai, assassinado pela madrasta Gilda (Mariana Ximenes) e a ação da vilã para culpá-la faz com que Maria Elisa seja presa injustamente. O que ela não imaginava é que, àquela altura, já estaria grávida de Orlando.
Desiludido e enganado, o médico vai embora do país ao descobrir um segredo do passado que envolve as famílias dos jovens. E também, ele acredita que Marê não se importa mais com ele.
Condenada injustamente, Marê decide fugir com duas companheiras de cela e dá à luz ao pequeno Angelo. Para fugir do cerco da madrasta, ela pede a uma delas que entregue o menino a Olímpia (Analu Prestes). Mas o destino lhe prega uma peça e o bebê acaba sendo deixado na porta da igreja de São Jacinto para ser criado pelos padres, que lhes dão o nome de Marcelino.
Oito anos depois, Marê sai da cadeia e Orlando, que nunca a esqueceu, volta ao Brasil decidido a reconquistá-la. É então que, ao reencontrar o seu grande amor, Marê comunica que eles são pais de um menino, que desapareceu. Assim, os dois se unem em busca do herdeiro, que está bem ali, do ladinho deles.