O Planeta TV

Riacho Doce

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

De 31 de julho e 5 de outubro de 1990, Riacho Doce trouxe à casa dos telespectadores belíssimas imagens de Fernando de Noronha. A minissérie, de 40 capítulos, foi produzida às pressas pela Globo para combater o sucesso de Pantanal, exibida pela Manchete. A emissora se antecipou à concorrente, que iria aproveitar o local para gravar a minissérie O Canto das Sereias.

O público se encantou com as imagens do arquipélago e com a história de Nô (Carlos Alberto Riccelli) e Eduarda (Vera Fischer). Imagens ensolaradas, mar e a uma vida simples enchiam os olhos. As cenas da vila de pescadores foram feitas na praia de Carne de Vaca, em Goiana, Pernambuco.

Sempre de camiseta ou sem camisa, com o cabelo desgrenhado e barba por fazer, Riccelli despertava o desejo das telespectadoras, em seu melhor papel na TV. Ele conseguia passar a simplicidade e o lado rústico do personagem. O pescador tinha o corpo fechado para o amor, e todas as mulheres que se aproximavam dele com segundas intenções se suicidavam ou sofriam algum tipo de maldição.

A misteriosa Vó Manuela - mais um belíssimo trabalho de Fernanda Montenegro – liderava o lugarejo que dava nome à minissérie. E não tinha papas na língua. “Que diabo de fogo é esse debaixo da saia? Não viu que ela estava comendo com os olhos todos os homens de Riacho Doce?”, disse para Carlos (Herson Capri), marido de Eduarda, que a essa altura já se envolvia com Nô. A mística também mandou o povo apedrejar a inimiga.

A minissérie foi reapresentada menos de um ano depois, entre 1º de abril e 10 de maio de 1991, no Vale a Pena Ver de Novo, e às 17h, de 16 de fevereiro a 27 de março de 1998, ambas com 30 capítulos (horário ótimo, foi uma delícia rever as paisagens no final de tarde). O Distrito Federal ainda teve a chance de conferir mais uma vez, em 1992, durante o Horário Eleitoral Gratuito.

Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn foram os responsáveis em transportar para a TV o romance de José Lins do Rêgo. A ideia de adaptar a obra nasceu de um programa sobre Fernando de Noronha, exibido pelo Globo Repórter e assistido pelo diretor Paulo Ubiratan, que se empolgou com a possibilidade de fazer imagens embaixo d’água. Aguinaldo também tinha boas recordações de ter lido o livro na infância.

O elenco contava ainda com Osmar Prado (Neco), Luiza Tomé (Francisca), Nelson Xavier (Capitão Laurindo), Ana Rosa (Zefa) e Ewerton de Castro (Silveira). Quem quiser matar a saudade, além de encontrar vários trechos no Youtube, pode comprar o boxe com 5 DVDs, lançado em 2007. Nos anos 90, o sucesso foi tanto que a Globo lançou também em fitas de vídeo.


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