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O passado da Record

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Com o atual crescimento na audiência, muita gente critica a Record, dizendo que ela copia a Globo. Ter levado boa parte do elenco global para suas novelas e telejornais pode levar a crer nisso. Mas é injusto reduzir uma emissora de 55 anos ao atual momento. Se nos últimos anos a emissora da Barra Funda absorve talentos, durante sua trajetória já produziu muitos - e parte deles foi parar na Globo.

A Record surgiu em 27 de setembro de 1953 e é a emissora mais antiga ainda em atividade no país. Começou investindo em musicais e programas esportivos - passava ao vivo partidas de futebol e até campeonato de turfe.

A tão sonhada liderança veio nos anos 60. Os musicais viraram festivais e chamaram a atenção do público, contando com grandes nomes como Roberto Carlos, Elis Regina e Jair Rodrigues. Ronald Golias e Jô Soares garantiam boas risadas. Em 1968, o interesse do telespectador pelas novelas provocou sua decadência no Ibope.

Nos anos 70, A Record lançou vários telejornais. Foi nessa década que feras do humor, como Didi, Dedé e Mussum (que vinham da Excelsior e lá fizeram "Os Insociáveis" antes de virarem "Os Trapalhões" na Tupi) e passarem mais de 25 anos na Globo. Flávio Cavalcanti e Raul Gil vão para a emissora. E programas de TV cujos nomes ainda são lembrados pelos mais velhos, como "Desafio ao Galo" e "A Família Trapo", fizeram história.

Além de Raul, outros apresentadores de sucesso passaram pela Record: Silvio Santos (que em 1972 comprou metade da emissora, antes de ter o SBT), Fausto Silva com o "Perdidos na Noite" (mais tarde apresentado na Band) e Ana Maria Braga (anos à frente do " Note e Anote"). Do jornalismo, Carlos Nascimento e Chico Pinheiro são alguns exemplos.

Muita gente desconhece, mas Bozo foi exibido na Record antes de fazer um tremendo sucesso no SBT. E Dercy Gonçalves - que nas últimas décadas esteve na Globo e na emissora de Silvio Santos - teve um programa aos domingos. Em 1989, a emissora foi comprada pelo bispo Edir Macedo e desde então foi aumentando seu número de afiliadas.

Parte da programação da madrugada era da Igreja Universal do Reino de Deus, e em 1995 houve o polêmico episódio em que um pastor chutava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, bem no dia da padroeira do Brasil. Foi a década também do "Cidade Alerta", jornal popular que veio no rastro do "Aqui Agora", do SBT, e lançou Gilberto Barros e José Luiz Datena, hoje na Band.

Mas nem tudo era bom na emissora. Alguns programas "trash", como "Ratinho Livre" (que chegava a ganhar da Globo num tempo em que a Record mal chegava aos 5 pontos) e "Ed Banana" são exemplos recentes que a emissora provavelmente pretende esquecer.

A programação infantil é deficitária há tempos. A ex-paquita Andréa Veiga teve um programa por volta das 13 horas, no início da década de 90. Eliana ficou com uma atração para crianças por anos, mas usava a fórmula de Xuxa - há tempos desgastada. O "Agente G" era exibido à tarde. Hoje, horas e horas de reprises do desenho "Pica-Pau" ocupam o horário.

Na segunda metade dos anos 90, o núcleo de teledramaturgia é remontado, mas ainda sem a qualidade de hoje. Grandes eventos voltam a ser transmitidos, como as Olímpiadas de Atlanta e a Copa da França. Claudete Troiano e Adriane Galisteu vão para lá em 2000. Mara Maravilha, Fábio Júnior e Chitãozinho e Xororó ganham seus programas.

Boris Casoy apresentava o Jornal da Record, que variava de 3 a 5 pontos de audiência. Após a reformulação, com Celso Freitas e Adriana Araújo e com estética parecida com o Jornal Nacional, chega aos 12. Desde 2004, com o formato da grade de programação semelhante ao da Globo no horário noturno, cresceu no Ibope, como vemos atualmente.

Enfim, exemplos podem ter faltado, pois contar 50 anos em uma coluna não é fácil. Mas deu pra perceber que, se agora a Record absorve talentos, durante um bom tempo criou os seus, levados por outras emissoras.


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