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Nair Bello deixou saudade

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Em 2007 o humor brasileiro perdeu uma atriz que por quase 3 décadas divertiu milhões de pessoas: Nair Bello. Sempre pronta para fazer rir, Nair nos deixou aos 75 anos.

A vida artística de Nair Bello Sousa Francisco começou em 1949, nas rádios Excelsior e Record (antes da chegada da TV ao Brasil), interpretando personagens em radionovelas. Em 1951, chegou aos cinemas contracenando ao lado da eterna amiga Hebe Camargo, em Liana, a Pecadora. Fez ao todo 9 filmes.

Ainda nos anos 50, foi garota-propaganda e fez participações em humorísticos e seriados na TV. No teatro só estreou em 1976, em ‘Alegro Desbum’. A aparição mais freqüente começou apenas na 2ª metade da década de 70, com Sossega Leão, da TV Tupi.

Quem pensa que o sucesso para Nair se deu apenas na Globo, se engana. A atriz caiu no gosto do povo com a série Dona Santa, em 1981, na Bandeirantes. Foram 32 episódios, reprisados várias vezes, no qual ela fazia uma atrapalhada motorista de táxi. A repercussão foi tanta que deu origem à série Casa da Irene, com Nair interpretando a dona de uma pensão (função que voltaria a viver no remake de A Viagem, em 1994, como a dona Cininha).

Foi comum durante sua carreira vê-la como a mãezona italianada sem papas na língua, pronta para distribuir chineladas e armar confusões. Desde que foi para a Globo, a maioria das novelas que participou foi do autor Carlos Lombardi. Em Perigosas Peruas (1992), arrancou gargalhadas como a mãe superprotetora dona Gema e seu bordão “O sorrr da minha praia”. Esteve em todas as tramas do autor desde então, exceto Quatro por quatro, pois havia acabado de fazer ‘A Viagem’. O texto de Lombardi casava muito bem com o estilo de Nair, arrancando gargalhadas do público com as tiradas hilárias de suas personagens em Vira-lata, Uga Uga, Kubanacan e na minissérie O Quinto dos Infernos. Em algumas contracenou com a grande amiga Lolita Rodrigues.

O quadro humorístico "Epitáfio e Santinha", criado em 1961, na TV Record, foi reeditado na Globo no programa Zorra Total. Ao lado de Rogério Cardoso, improvisava nos textos e não conseguia conter o riso. O material ia ao ar assim mesmo. Outra participação ao lado de feras do humor foi na Escolinha do Golias, no SBT, e na sitcom Bronco, na Bandeirantes.

Uma das exigências da atriz era não beijar na boca nas produções em que trabalhou, em respeito ao ciumento marido, Irineu de Sousa Francisco, falecido em 1975. Nair teve dificuldade de superar também a perda do filho Manuel, em um acidente de carro, aos 20 anos.Buscou ajuda com o médium Chico Xavier para voltar a sorrir.

Sua última participação em novelas foi no fiasco Bang Bang (2005). Já escalada para Pé na Jaca, no dia 11 de novembro de 2006 a atriz sofreu uma parada cardiorrespiratória em um salão de beleza, em São Paulo. Ficou cinco meses internada, chegou a apresentar melhoras, mas no final de março seu quadro clínico piorou e, no dia 17 de abril de 2007, nos deixou para fazer companhia a outros comediantes.

Não dá para sentir tristeza ao pensar dela, e sim, saudade. Basta recordar qualquer momento seu na TV para um sorriso vir à tona. Obrigado, Nair.


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