Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]
Em 1994, a Globo voltou a ser incomodada na audiência por uma novela do SBT. O mesmo havia acontecido poucos anos antes, com a mexicana Carrossel. Desta vez, o remake de uma história nacional, que já havia sido testada e aprovada outras três vezes, chamou a atenção do público: Éramos Seis.
Era mais uma tentativa do SBT de reativar seu núcleo de teledramaturgia, com figurino e cenografia que não deixavam a desejar. Sem violência, toda a família podia sentar em frente à TV e ver a trama (embora para crianças histórias de época sejam chatas).
Silvio Santos conseguiu reunir um elenco não muito grande, mas com bons nomes: Irene Ravache (em seu papel mais memorável na TV nas últimas duas décadas, Lola), Othon Bastos (Julio), Tarcisio Filho (Alfredo), Osmar Prado (Zeca), Jussara Freire (Clotilde) e Denise Fraga (Olga), entre outros.
A trama começa em 1921 e narra a vida de Lola desde a infância dos quatro filhos - quando seu marido, Júlio, trabalha para pagar as prestações da casa onde moram, em São Paulo - ao fim da vida da protagonista, que termina sozinha numa casa de repouso, justificando o título.
É raro uma história de época fazer sucesso fora da Globo (que, curiosamente, nunca adaptou esse romance). Mas Éramos Seis, que ia ao ar às 20h e era reprisada às 21h40, assim que terminava a novela das 20h da Globo), chegava facilmente aos 20 pontos, número considerado muito bom para o canal. A repercussão nas casas era impressionante. Sempre havia um parente que mudava de canal assim que A Viagem (e mais tarde, Quatro por Quatro), chegava ao fim.
A primeira versão para a TV do romance de Maria José Dupré foi ao ar em 1958, em dois capítulos, exibidos pela Record. A Tupi produziria a historia em 1967, com Cleyde Yáconis e Silvio Rocha nos papéis principais. Dez anos depois, a mesma emissora apostou novamente no enredo, com Nicette Bruno e Gianfrancesco Guarnieri como Lola e Julio. A adaptação coube a Silvio de Abreu (que estreava em novelas) e Rubens Ewald Filho.
Os telespectadores não se cansaram de ver a trajetória daquela família que crescia com dificuldades. As personalidades diferentes dos quatro filhos – Carlos, Alfredo, Isabel e Julinho - também ajudava a manter o enredo interessante durante os 180 capítulos da história. Entre fatos históricos estavam a gripe espanhola, que quase matou Isabel e Julinho, e a revolução de 1932, na qual Alfredo se alista, e vai para a trincheira.
A estreia foi adiada em uma semana por causa da morte do piloto Ayrton Senna, ocorrida em 1º de maio de 1994. Jussara Freire e Paulo Figueiredo eram remanescentes da versão de 1977, mas interpretaram outros personagens.
Com o sucesso, outros remakes foram feitos, mas não obtiveram o mesmo êxito: As Pupilas do Senhor Reitor, Sangue do Meu Sangue, Razão de Viver e Os Ossos do Barão estão na lista. A audiência foi definhando ano a ano.
Éramos Seis, que teve também a participação de Caio Blat e Wagner Santisteban ainda crianças, voltou ao ar entre janeiro e maio de 2001, às 18 horas. Como atualmente a emissora vem colhendo bons frutos com as reprises de Pérola Negra (1998) e Esmeralda (2004) à tarde, não é absurdo sonhar com a história de Dona Lola e seu Júlio ganhando as telas novamente.