Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]
Quando se fala em programa de auditório popular nos anos 80, a maioria lembra imediatamente de Chacrinha. Mas outro apresentador também deixou seu nome na história da TV brasileira: Edson Cury, o Bolinha. Seu programa esquentou as tardes de sábado da Bandeirantes, chegando a garantir o primeiro lugar no Ibope.
A fórmula do “Clube do Bolinha” era bem parecida com a de Chacrinha: bailarinas de maiô se requebrando no palco, concursos de calouros e lançamento de cantores que viriam a se tornar grandes nomes (Leandro e Leonardo e Arnaldo Antunes voltaram ao programa depois de famosos para agradecer a participação na atração).
A semelhança não é por acaso. Bolinha, que era locutor esportivo, começou sua carreira de apresentador justamente substituindo Chacrinha, em 1967, na TV Excelsior. O sucesso foi tanto que logo ganhou o “A Hora do Bolinha”, aos domingos.
Depois ele passou pela Record, onde chegou a vender o carro para bancar o programa, e anos mais tarde foi para a Band. Lá, chegava a ficar seis horas no ar, e a disputa era acirrada. O “Clube” enfrentava Chacrinha, na Globo, e Raul Gil, na época no SBT. A guerra, no entanto, era apenas no ar. O tema musical que marcou a carreira do apresentador e era tocada na abertura da atração (“Bó, bó, bó, Bolinha, está na hora de você entrar na linha”) foi escrito pelo próprio Chacrinha, e gravado por Raul Gil como marchinha de carnaval, em 1967.
De camisa florida aberta no peito, o filho de imigrantes sírios esbanjava carisma no palco. Se Chacrinha tinha as chacretes, Bolinha não ficava atrás e trazia suas “boletes”. Mais de 30 nomes passaram pelo posto.
Entre os quadros de sucesso estavam as “Olimpíadas de Calouros” e o “Eles e Elas”, no qual travestis e transformistas faziam performances de cantoras como Tina Turner e Alcione, além de responder a perguntas como “qual o seu nome de guerra?”. No fim dos anos 80, a Band colocou Topo Gigio logo depois do “Clube”, atraindo também a criançada para a frente da TV.
O programa alegrou os telespectadores até 1994, quando a Bandeirantes o tirou do ar para investir ainda mais na transmissão de esportes. Após décadas trazendo alegria para a casa dos brasileiros, Bolinha nos deixou às 2h30 do dia 1º de julho de 1998, aos 62 anos, vítima de câncer no aparelho digestivo, doença contra a qual lutou durante três anos.