Atualmente, um projeto sigiloso (ou quase…) é tema de reuniões e trocas de e-mails entre os executivos do SBT de Silvio Santos. Invenção de Daniela Beyruti, filha do apresentador e uma das administradoras da emissora, ele já foi batizado de “O Retorno de Jedi”. Trata-se de uma referência ao filme da série Guerra nas Estrelas, do cineasta George Lucas. O “Jedi” em questão é o próprio Silvio. Assim como Mestre Yoda, o ser verde que guia os cavaleiros do bem na luta contra o vilão Darth Vader, o patrão é o “sábio” que lidera o contra-ataque do SBT à Record. Embrião de uma campanha de marketing, a iniciativa diz algo sobre o estado de espírito na emissora. Depois de dois anos de sangria desatada no ibope, eis que o SBT impôs alguns reveses à concorrente. Com a ressurreição do Programa Silvio Santos, em junho, o apresentador passou a comandar pessoalmente a reação ao crescimento da Record nos domingos. Combinando velhas gincanas a novidades como as participações da garota Maisa (a apresentadora maluquinha do Sábado Animado), a atração recuperou a audiência da emissora no horário – e, de quebra, deu novo fôlego ao até então moribundo Domingo Legal, de Gugu Liberato. A outra tacada de Silvio é a reprise da novela Pantanal (1990). O folhetim da extinta Manchete estreou em junho, de surpresa, e não raro bate a nova aposta da teledramaturgia da Record, Chamas da Vida. O SBT comemora ainda o bom desempenho de sua programação infantil, que inferniza a vida dos bispos nas manhãs.
Graças a essas notícias positivas – as primeiras em muito tempo para o SBT –, o humor de Silvio anda que é uma maravilha. E sua filha e braço-direito aproveitou o ensejo para lançar a operação “O Retorno de Jedi”. Daniela contratou um marqueteiro, Edson Giusti (que já cuidou da imagem da apresentadora Angélica), para tocar o plano. Sua primeira providência será investir no “endomarketing”, jargão que designa a propaganda interna para motivar os funcionários de uma empresa. Para reverter o abatimento de seus empregados com a perda do segundo lugar de audiência para a Record, o SBT cogita distribuir a eles adesivos em que se lê: “Sou vice”.
Desses novos lances na guerra entre as duas redes, fica patente que são relativas as conquistas recentes da Record no ibope. Com manobras pífias (suas armas, afinal, são só velharias), Silvio Santos abalou uma emissora que investirá 300 milhões de reais neste ano só nas novelas e no jornalismo. Há que se reconhecer, contudo, que a Record ainda tem um bem que falta ao SBT: um plano de longo prazo. Na semana passada, por exemplo, anunciou a compra dos direitos dos Jogos Pan-Americanos de 2011 por 10 milhões de dólares, pegando até a Globo de surpresa. O SBT, por enquanto, depende só dos golpes de um Jedi.
Fonte: Marcelo Marthe / Revista Veja