Uma canção do grupo Los Hermanos ecoa pela casa. A cachorra vira-lata Sol brinca no chão e Petrônio Gontijo lê, calmamente, um livro da pilha que tem na cabeceira da cama. Assim é o paraíso particular do ator, de 40 anos. Essa paz, no entanto, foi conquistada. Avesso aos holofotes, ele confessa que, no começo da carreira, se sentia pressionado por toda a badalação da fama.
Mas que o tempo lhe trouxe um conhecimento maior de si. "Quando descobri que era o meu ofício o que realmente importava, fiquei mais tranqüilo. Foi como se tirasse um peso das costas", confessa, rindo. Oposto de tamanho equilíbrio, seu personagem Fredo, em Os Mutantes, era a revolta em pessoa. Com seu lema "mutante bom é mutante morto", não seria difícil compará-lo a uma espécie de Hitler tupiniquim.
Porém, os seres fantásticos da trama de Tiago Santiago agora respiram aliviados, pois Fredo foi abduzido. Com isso, Petrônio deixou a novela. "Desde o começo, minha participação era de três meses. A princípio, estou saindo para fazer a novela do Lauro César Muniz, mas ainda não sei os detalhes", diz ele, que irá aproveitar esse entremeio para viajar para o Nordeste, uma de suas paixões. Sempre animado, dá gosto ver esse mineirinho de Varginha falar sobre suas conquistas e seus sonhos: "A vida foi contando a minha história", conclui, otimista.
"Fredo foi abduzido por um disco voador, mas brigou até o final. O legal é que ele não era maniqueísta. Sua postura era horrível, acreditava no extermínio, porém, agia assim porque pensava que ia salvar a humanidade. E até colocou isso à frente do amor que sentia pela Marta (Miriam Freeland). Nunca temi a reação do público, porque esse é o meu ofício: causar sensações. E o fim de todo personagem é sempre emocionante. Se um dia o Tiago decidir trazê-lo de volta, me interessaria fazê-lo."