Rio - Chegou a vez de os cariocas terem voz ativa no que querem assistir na TV e elegerem seus próprios campeões de audiência. O Ibope começou a fazer medições em tempo real na cidade. O sistema só era usado em São Paulo — são os números de lá que servem como parâmetro para as emissoras nortearem a programação do País todo.
Segundo Antonio Ricardo Alves Ferreira, diretor-executivo do Ibope Mídia, a audiência do Rio já era medida, mas as emissoras só tinham os números no dia seguinte. Desde terça-feira, elas têm retorno minuto a minuto do que está agradando ou não e podem mexer no conteúdo dos programas ao vivo, enquanto eles ainda estão no ar. “As emissoras ganharam 24 horas. Não precisam mais esperar o dia seguinte para saber o que funcionou”, completa o diretor.
Assim como em São Paulo, o método de pesquisa é o ‘people meter’. No Rio, foram selecionados 450 domicílios para ter a ‘placa de telefonia’ que registra o canal sintonizado e transmite a informação ao instituto de pesquisa e às emissoras. Por amostragem, representam o total de 3.499.506 residências da cidade. Isso significa que, se um programa registra um ponto de audiência no Rio, está sendo visto em 34.995 domicílios.
Em São Paulo, como a população é maior, um ponto corresponde a 80 mil domicílios. A audiência por indivíduo no Rio (média de habitantes das residências) é de 103.130 pessoas a cada 1%.
Apesar de o número de aparelhos parecer pequeno, Antonio Ricardo garante ser suficiente para a “estabilidade nos resultados”. “Quanto mais aparelhos, maior o custo. E a diferença nos números é mínima”, afirma.
Com acesso à informação, a guerra da audiência, principalmente entre Globo e Record, promete esquentar. O diretor de jornalismo da Record, Tiago Contreira, conta que o ‘Balanço Geral’, de Wagner Montes, exibido no Rio, chegou a ser líder na quinta-feira, atingindo pico de 15,5 pontos, contra 15,2 da Globo. “Agora podemos ter visão melhor do que rende e mais flexibilidade para trabalhar”, avalia Tiago, comentando que, por contrato, a liderança de audiência não pode ser comemorada no ar.
A Band planeja adquirir em breve o serviço. “Assim vamos saber se vale a pena investir em determinado convidado, por exemplo”, justifica Darviz Paranhos.
Em nota, a Central Globo de Comunicação afirma que “não só apóia como estimula a implantação do sistema de medição ‘real time’ em todo o Brasil. Esperamos que em breve esse sistema seja implantado em novas praças”.
O autor de ‘Duas Caras’, Aguinaldo Silva, se põe no lugar do telespectador e polemiza: “Sinto falta de maior transparência na divulgação dos números”. Para ele, os dados deveriam ser dissecados, com ranking de 10 programas mais vistos e média de audiência por canal. “Faz parte do processo democrático o consumidor ter acesso a tudo”, defende.
As informações são do jornal O DIA