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Cássia Kiss sobre Pantanal: "Quero meu pagamento"

por jeferson, em 22/06/2008


As primeiras cenas de Pantanal, exibidas no dia 27 de março de 1990, já anunciavam que a trama de Benedito Ruy Barbosa se destacaria na história da teledramaturgia. Cada cena do capítulo de estréia desbravava uma nova linguagem visual nunca vista em novelas até então. A história marcou época e está sendo reprisada pelo SBT, causando conflitos com atores que trabalharam na trama. Entre eles, está Cássia Kiss que disse que quer receber pela reprise.

Sob a direção de Jayme Monjardim, vôos de tuiuiús, céus de matizes hipnotizantes, boiadas atravessando rios e uma infinidade de tomadas naturalistas, a Manchete mostrava uma nova estética na produção de novelas no Brasil.

Pela primeira vez, numa inversão total, 70% das cenas passaram a ser gravadas em externas, contra 30% das tomadas em estúdio. Mas o grande marco da trama foi estremecer, pela primeira vez, o monopólio da Rede Globo em novelas.

Num súbito bater de asas, Pantanal passou a registrar 40 pontos de média na audiência, ultrapassando a Globo num placar histórico. Foi com essa intenção de desviar a audiência da Globo e da Record - que se equilibram com 34 e 17 pontos de média no horário -, que o SBT apostou na trama pantaneira 18 anos após sua estréia.

"Tenho o maior orgulho dessa novela que projetou minha carreira. É como ver um filho crescido que compete num momento interessante da dramaturgia no Brasil", entusiasma-se Jayme Monjardim.

Mais animado ainda parece estar o SBT com a estréia da trama no último dia 9. A emissora, que comprou os direitos da obra num leilão público da massa falida da extinta Manchete, alcançou, na primeira semana, a média de 10 pontos na audiência.

Para a Globo, os dois dígitos se transformaram em ameaça e a emissora tenta vetar a exibição da trama, alegando que detém os direitos da obra. Na verdade, a Globo tem apenas o direito a qualquer remake que possa ser produzido sobre a história. Pois, na época em que o projeto de Benedito foi engavetado pela emissora, o autor era contratado da Globo. Procurado para essa matéria, Benedito não deu retorno para analisar a reexibição da trama.

Outra polêmica tem sido o pagamento dos direitos conexos. Alguns atores esbravejam com a situação. "Isso é um absurdo. Torço para o SBT fazer sucesso, mas eles metem os pés pelas mãos. Queremos o pagamento dos direitos conexos", vocifera o ator José de Abreu, que interpretou o psicanalista Gustavo na trama.

O SBT já avisou que vai pagar os direitos dos atores. Enquanto isso, Silvio Santos demonstra que parece se divertir com as atenções voltadas para sua emissora. Como não bastasse toda a discussão, inseriu chamadas da novela durante a sua programação que parecem provocar a Globo: "Quando acabar a novela da Globo, A Favorita, troque de canal e assista Pantanal".

"Eu não estou nem aí. Adoro me ver na novela. Fico comparando minha evolução como atriz nessa trama que inovou em tudo. Mas quero receber meu pagamento!", avisa Cássia Kiss, que interpretava Maria Marruá.

A personagem de Cássia era a mãe da selvagem Juma, a protagonista de Cristiana Oliveira. "Ah, que saudades, que trabalho bom", lembra Cristiana. Assim como Luciene Adami e Andréa Richa, a atriz fez diversas cenas sensuais em longos banhos no rio, onde aparecia nua em pêlo, o que contribuía para instigar a audiência.

Mas quem não tem boas lembranças da novela é Carolina Ferraz. Foi nessa produção que a ex-apresentadora da revista eletrônica Programa de Domingo, na Manchete, estreou como atriz persuadida por Jayme Monjardim, diretor da emissora na época."Não tenho o que falar sobre esse assunto", desconversa a atriz.

Já Cláudio Marzo, que na história interpretava os personagens Joventino, José Leôncio e o misterioso Velho do Rio, prefere não relembrar seus papéis na história. "Estou fora. Não tenho nada a ver com essa novela!", brada.

Em contrapartida, Marcos Caruso, que viveu Tião, tem as melhores recordações dessa trama.

"Foi uma novela pioneira em mostrar o Brasil, em gravar longe dos estúdios. Ela foi marcante para todos, uma novela masculina, que começou a atrair a atenção dos homens", recorda o ator.

Para o elenco, o ritmo lento da história inovou também o estilo de atuação, segundo Giovanna Gold, que interpretava a Zefa. "A novela mostrava uma melancolia na felicidade. Era intensa, meio 'meu mundo caiu', a cara do Jayme", diverte-se a atriz.

Créditos: Mariana Trigo / TV Press


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