Juca de Oliveira não disfarça a dramaticidade nos momentos mais simples. Mesmo quando disseca o imponderável vilão Otto, de A Cura, da Globo, o ator não consegue despir a intensidade cênica. Aos 75 anos, este paulista de São Roque assume estar impressionado com o clima soturno que envolve seu personagem na produção de João Emanuel Carneiro. Na trama, Otto é um assassino cruel que chega a curar várias pessoas através de cirurgias espirituais. No entanto, também consegue ser delicado e até gentil com alguns personagens. "Ele é muito complexo, difícil de fazer. Me surpreende porque tem um caminho a cada episódio. Com ele, tenho trabalhado com o inesperado como há muito não fazia na TV", avaliou.
Questionado sobre poucas participações na TV, Juca explica:
"Quando recebi os cinco primeiros capítulos de A Cura, fiquei impressionado. Não consegui parar até acabar de ler tudo. Quando acabei, liguei para o (diretor Ricardo) Waddington chocado. Mas não faço tevê porque me dedico muito ao teatro. Todos os atores são muito supersticiosos. Temos sempre a crença profunda de que somos protegidos pelas musas. A musa da tragédia, que é a Melpômene, e a musa da comédia, que é a Tália. Eu tenho a estátua das duas na minha fazenda e na minha casa em São Paulo. Elas nos orientam. E os deuses são rancorosíssimos. Eles são generosos, ajudam, nos protegem, mas se vingam. Aqueles que abandonam o teatro são castigados. Quando faço teatro, só faço teatro, mesmo quando vem um grande convite. Digo que adoraria, mas não posso", justifica.
Créditos: Mariana Trigo, TV Press.