A idéia da Band de não inovar e apresentar tramas leves e sem cenas fortes não parece ter muitas chances de emplacar. Apesar do esforço da emissora ao produzir Água na Boca seguido ao musical Dance Dance Dance, sem um único dia de descanso no núcleo de teledramaturgia, a novela deixa a desejar em vários aspectos.
Principalmente na falta de ingredientes que fujam da mesmice e que afastem a eterna sensação de déjà vu das novelas mais recentes da emissora. À exceção de Paixões Proibidas, produzida em parceria com a RTP e com uma temática bem mais profunda, todas as histórias que a Band tem colocado no ar soam como infanto-juvenis.
Só que sem o carisma e o apelo infantil que Floribella conseguiu. Com isso, fica difícil ultrapassar os já esperados 3 pontos de audiência, marcados no primeiro capítulo do novo folhetim.
Basta assistir a alguns minutos da história para perceber o exagero no núcleo italiano. A começar pelo sotaque, que ora é carregado demais na boca de seus personagens, ora desaparece completamente.
Pior que isso, só a narração dos flashbacks. O resultado mais parece com as dramatizações toscas realizadas pela produção do programa Márcia, da mesma emissora. Aliadas ao texto arrastado e ao clima de mundo perfeito da história, deixam de dar a prometida água na boca e provocam seqüências difíceis de serem digeridas.
Além do lugar-comum do conflito principal, envolvendo o casal apaixonado - embora de famílias rivais - Luca e Danielle, de Caetano O'Maihlan e Rosanne Mulholland, a sinopse se parece demais com a de um filme já antigo.
Trata-se do longa Ódio, Amor e Macarrão - Uma História de Italianos no Bronx, de 1996, dirigido por Joseph Bologna e Renée Taylor e estrelado por Angelina Jolie. Ou seja, falta originalidade na história. Nem mesmo as pitadas de humor - que não chegam a fazer rir, mas ajudam a diminuir o tédio das cenas - chegam a valorizar o texto. Pelo menos por enquanto.
Apesar de tantos pontos negativos, Água na Boca saiu de dentro dos estúdios da emissora e, ao contrário de sua antecessora Dance Dance Dance, ganhou um pouco de luz natural.
Isso graças à cidade cenográfica construída para a trama. Tirou o engessamento da falta de externas da última novela da Band e permitiu uma movimentação diferente. Tanto que, já no primeiro capítulo, vários personagens atuaram ao ar livre. Isso pode ser ainda mais proveitoso quando as brigas por conta do romance entre Luca e Dani começarem mesmo a pegar na história.
Créditos: TV Press