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“Pedra Sobre Pedra” trouxe Jorge Tadeu e outros personagens inesquecíveis

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Há 20 anos, o realismo fantástico escrito por Aguinaldo Silva divertia e prendia a atenção do público na novela “Pedra Sobre Pedra”. Exibida às 20h30 em 1992, a trama trouxe personagens que estão no imaginário do público até hoje, como o fotógrafo Jorge Tadeu (Fábio Jr.).

Ele seduzia as mulheres casadas da cidade, como a delegada Francisquinha, (Arlete Salles), Ximena (Nívea Maria), a fogosa Rosemary (Elizângela), a recatada Suzana (Isadora Ribeiro), e até Hilda Pontes (Eva Wilma). Mas sua preferida era Úrsula (Andrea Beltrão, elevada a símbolo sexual nessa época pelo figurino que usava).

O fotográfo foi morto no capítulo 30, mas seu assassino - Gioconda (Eloísa Mafalda), mãe de Úrsula - só foi revelado no último capítulo. Depois de sua morte – em uma cena na qual seu corpo estava na cama coberto por borboletas – seu encanto era tanto que continuou seduzindo-as. Para isso, bastava comer a flor de uma árvore que cresceu na praça da cidade. Ele sempre costumava parar para "rega-la" fazendo xixi, quando passava pelo local.

Tudo isso acontecia na fictícia cidade de Resplendor, no sertão do Nordeste. Apesar do destaque de Jorge Tadeu, o fio central da trama, escrita pelo mesmo trio de “Tieta” (Aguinaldo, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn) eram as memoráveis brigas entre Pilar Batista (Renata Sorrah) e Murilo Pontes (Lima Duarte). A troca de farpas durante toda a história não escondia o amor mal resolvido entre eles.

A paixão se transformou em briga quando, no altar, ela disse ‘não’ a ele, pois desconfiava que Murilo tivesse engravidado sua melhor amiga, Eliane (Luciana Braga). Ambos se casaram com outras pessoas e tiveram filhos que, 25 anos depois, disputarão a Prefeitura. Leonardo (Maurício Mattar) é filho de Murilo com Hilda (Eva Wilma), e Marina (Adriana Esteves), de Pilar com Jerônimo (Felipe Camargo). Óbvio que, no folhetim, os filhos dos inimigos se apaixonam, no estilo Romeu e Julieta.

Não é só Jorge Tadeu quem traz realismo fantástico à trama. Sérgio Cabeleira se sente atraído pela lua cheia e vai embora flutuando até ela no fim da história. Foi um dos melhores papéis de Osmar Prado, ao lado de Tião Galinha, que interpretou no ano seguinte em “Renascer”. Com 120 anos, Dona Quirina (a saudosa Míriam Pires) conserva uma memória invejável e está sempre atenta ao que acontece em Resplendor. Outra atriz que tornou sua personagem inesquecível foi Arlete Salles, que fazia a divertida dona Francisquinha, delegada da cidade. Para vivê-la, ela teve de aprender, aos 50 anos, a andar de lambreta.

Para completar, havia o núcleo dos ciganos, liderados por Yago (Humberto Martins) e que também contava com Vida (Luiza Tomé) e Tibor (Eduardo Moscovis, estreando em folhetins da Globo, assim como Isadora Ribeiro). Carla Marins aproveitou o destaque para posar nua na edição de aniversário da “Playboy”. Em sua última novela antes de morrer, Armando Bógus se destacou como Cândido Alegria, recebendo da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) o prêmio de melhor ator.

As cenas de sertão foram feitas em Lençóis (BA). Para chegar em alguns locais, a equipe precisava escalar despenhadeiros levando os equipamentos nas costas. Já as tomadas externas tiveram a Chapada Diamantina como pano de fundo. No Rio, como ainda não existia o Projac – inaugurado em 1995 - as as sequências foram feitas nas cidades de Valença, Volta Redonda e Vassouras, além do Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Esta foi a segunda coprodução da Globo com uma emissora europeia – a primeira foi “Lua Cheia de Amor”, protagonizada por Marília Pêra em 1990. Dessa vez, a portuguesa RTP financiou 20% da produção e inseriu os atores Carlos Daniel e Suzana Borges como os irmãos Ernesto e Inês.

A novela conquistou o Troféu Imprensa de 1992 de melhor produção do gênero e voltou ao ar em 1995, no “Vale a Pena Ver de Novo”. Em 2001, foi a vez dos brasileiros no exterior reverem a trama na Globo Internacional, enquanto por aqui passava a re-reprise de “A Gata Comeu” (1985).

“Pedra Sobre Pedra” fez tanto sucesso em Cuba que Lima Duarte – vencedor do Troféu Imprensa de melhor ator - foi até lá e visitou uma fábrica de charutos, já que seu personagem gostava desse tipo de fumo. Ele reviveu o personagem em 1997, em uma participação especial em “A Indomada”, também escrita por Aguinaldo Silva.

Outros países como Paraguai, Bolívia, Honduras, Chile, Portugal, Costa Rica, Uruguai, El Salvador, Venezuela, Peru e República Dominicana também curtiram a história, ainda não cogitada para voltar ao ar no canal Viva.


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