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“É assustadora... é de arrepiar... é VAMP!”

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Lembram desse slogan? Era para anunciar um grande sucesso da Globo em 1991: a novela Vamp. A temática dos vampiros virou verdadeira mania na época, e o sucesso foi tanto (média geral de 50 pontos às 19 horas), que a trama voltou ao ar menos de um ano depois do seu fim.

Vamp inovou com cenas em formato de videoclipe (até então só utilizada em séries, como Armação Ilimitada, música e um clima de terror, suspense e comédia na medida certa para o horário. A última cena de cada capítulo virava desenho em um quadro (o que foi mantido na reprise).

Vários atores brilharam. Ney Latorraca arrasou como Conde Vladymir Polanski – simplesmente Vlad. Cláudia Ohana teve a chance de cantar durante a novela, inclusive em Veneza, numa performance memorável. Foi o papel de maior destaque em sua carreira, assim como Patrícia Travassos, que deu um show como a vampira Mary Matoso.

Tinha também a atrapalhada dupla caçadora de vampiros Alice Penn Taylor e Augusto Sérgio (Vera Holtz e Marcos Frota). E a lista de destaques não termina. Otávio Augusto disse em uma entrevista ano passado que Matoso é um dos personagens mais marcantes de sua carreira, lembrado pelo público até hoje. Nuno Leal Maia vivia o padre Garotão. E o auge da carreira de Guilherme Leme foi o vampiro Gerald, transformado em gato sempre que desobedecia Vlad.

A história se passava em Armação dos Anjos, cidade que passa a ser habitada também por vampiros com a chegada da cantora de rock Natasha, que vendeu sua alma ao Conde Vladymir Polanski, chefe dos vampiros, para brilhar na carreira. Em encarnações passadas ela foi Eugênia, sua grande paixão, mas preferiu ficar com Rocha, a outra vida do Capitão Jonas (Reginaldo Faria). O conde passa então a perseguir Natasha e a família do capitão.

A única forma de Natasha destruir Vlad e se livrar da maldição era encontrar a lendária Cruz de São Sebastião, escondida em algum lugar da cidade.
Os mitos que envolviam os vampiros eram satirizados – eles andavam de dia pela rua, não tinham medo de alho... De fundo, a música Suga Suga, de João Penca e seus Miquinhos Amestrados, deixava essas cenas mais engraçadas (“Sei que sou um vampiro pós-moderno... Não gosto de caixão e não capa-preta,...”).

Na abertura, um cão preto persegue Natasha pela noite. A transformação dele em homem (vista através de uma sombra na parede) era bastante precária. Mas os efeitos especiais não deviam para os filmes americanos. Na cena da morte de Vlad, ele toma a forma de todos que foram mordidos.

Assim como em Top Model, havia um viúvo com uma penca de filhos, o Capitão Jonas. Carmem Maura (Joana Fomm) também tinha seis filhos, e ambos se casaram.

Toda a trama foi muito bem sonorizada, um dos motivos de prender a atenção do telespectador - a novela dava mais audiência que o Jornal Nacional e a novela das 20 horas, O Dono do Mundo. O figurino e cenografia também eram muito bons, davam o clima dark dos vampiros sem, no entanto, ficar sombrio.

Foi reprisada na Sessão Aventura, às 16h45. E, ao contrário do que muitos afirmam, não passou no Vale a Pena Ver de Novo (seria uma ótima opção se voltasse agora).

Vamp ganhou o Troféu da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) de melhor novela de 1991. Foi um grande sucesso em vários países, como Venezuela, Portugal, Chile, México e Peru.

Quem assistiu Vamp achou O Beijo do Vampiro, também de Antônio Calmon, infinitamente inferior. ‘O Beijo’ tinha uma história boba, comédia extremamente clichê e nem um pingo da ação. No entanto, a garotada de hoje aprovou, até por não conhecer esse marco do que foi diferente (e bem sucedido) na teledramaturgia.

Muitos personagens na memória e uma boa história foi o que Vamp nos deixou. Além da vontade de acompanhar tudo novamente, claro.


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