O Planeta TV

A Copa do Mundo mostra que metodologia do Ibope está defasada

Em 2015, a GFK, empresa alemã, também mediará a audiência da TV aberta.

Por: Jeferson Cardoso

A partir de 2015, com a chegada da GFK, o Ibope deixará de ser o único instituto de medição de audiência no Brasil. Não se sabe qual a metodologia a ser usada na nova aferição, mas é preciso levar em consideração o público que assiste as emissoras de TV aberta (Globo, SBT, Record, Band, RedeTV, Cultura, entre outras) nas parabólicas e nas TV’s por assinatura.

Globo, SBT e Record possuem um público enorme, principalmente nas parabólicas. Não existe essa história de que um ponto hoje equivale a mais telespectadores ou de que as pessoas estão assistindo menos televisão. Pra mim, o Ibope tem uma metodologia defasada. Atualmente, a preocupação é em medir a audiência de programas de televisão assistidos em computadores e tablets. De nada adiantará se não contabilizar – de forma correta - o público que assistem as emissoras de TV aberta.

Os dois primeiros jogos do Brasil na Copa do Mundo renderam uma média de 36 pontos na Globo;  9 na Band; e 5 na TV por assinatura (SporTV, ESPN, BandSports, FoxSports). Total: 50 pontos. E os telespectadores que assistiram ao Mundial pelas parabólicas ou na Band ou na Globo pelas TV’s por assinatura?

Se a GFK não agregar a pontuação da TV aberta com a TV por assinatura e parabólicas, os resultados de sua aferição não será muito diferente dos números do Ibope.

Resumindo: Penso que – no decorrer dos últimos anos (desde o início do ano 2000) – o público migrou para as parabólicas, e atualmente estão conhecendo as TV’s por assinatura. E isso não quer dizer que deixaram de assistir as emissoras de TV aberta.  Talvez isso justifique a queda de audiência das emissoras nos últimos dez anos. Ou não. Posso estar equivocado. Será? Saberemos no ano que vem com a chegada da empresa alemã.

Produções bíblicas são prioridades na Record

Como já havia adiantado, Gustavo Reiz foi o escolhido para escrever a novela que pode substituir Vitória. Gisele Joras, que ficou "queimada" após Balacobaco, foi dispensada. Tadinha, será  que ela tem chances na Globo?

A trama de Gustavo será de época, e contará a vida da avó e da mãe da escrava Isaura do livro escrito em 1875 por Bernardo Guimarães (1825-1884). A estreia está prevista para março de 2015. Isso, se a Record não transformar Dez Mandamentos, de Vivian de Oliveira, em novela das 21h15.

Há boatos de que a emissora abrirá um novo horário de novelas, às 20h30. Ilusão. A verdade é que a direção artística da Record não está satisfeita com os resultados – de audiência - da teledramaturgia. As produções bíblicas, que ainda se aproximam dos dois dígitos de audiência, são prioridades. Ou seja, Gustavo Reiz pode ter que esperar um pouco mais.

O sonho está chegando ao fim?

Há dez anos, com A Escrava Isaura, a Record reinaugurava a sua teledramaturgia. Na época, um grande sucesso, de audiência e críticas. A emissora viveu momentos épicos com Prova de Amor, Os Mutantes, Vidas Opostas, Chamas da Vida, entre outras produções de qualidade incontestáveis, como Essas Mulheres e Poder Paralelo.

Há dois anos, com o naufrágio de Máscaras, os folhetins da emissora nunca mais atingiram o êxito. A novela de Lauro Cesar Muniz foi péssima, assim como sua sucessora, Balacobaco. Dona Xepa e Pecado Mortal foram vítimas de uma crise interna e também sofreram com as consequências de erros do passado e, principalmente, de programação.

A Record errou no momento que mais precisava acertar. Hoje, não consegue mais recuperar o público que debandou para outras mídias. E, para piorar, a emissora acredita (coitada) que tem forças para bater de frente com a novela das nove da Globo.

Os erros persistem e os resultados (negativos) vêm rápidos. Sem a fidelidade do público, as séries ou novelas bíblicas devem ser as novas vítimas.

Falando nisso...

Como telespectador de Vitória, estou decepcionado com sua audiência. O fracasso dela, no entanto, não me surpreende. É óbvio que não daria certo o lançamento no período de Copa do Mundo e na reta final de Rebelde (SBT) e Em Família (Globo).  Enfim, lamento, mas continuo telespectador assíduo da trama de Cristianne Fridman.

A novela é boa, mas peca em alguns quesitos, como os de núcleos paralelos soltos e o casal de protagonistas (Artur e Diana) quase como figurantes. Também estou começando a ficar irritado com o núcleo de neonazista. Juliana Silveira e Marcos Pitombo ainda são os destaques, só que é preciso ter muita paciência com Bárbara (Liége Muller) e Enzo (Raphaela Montagner). São personagens bobos e os atores não convencem.  

Os números do Ibope devem refletir na história. Fridman é esperta, e já deve ter percebido o que não funcionou. Penso que a história deveria ser centralizada em dois núcleos, com os demais sendo apresentados aos poucos. O romance e relação entre Diana e Artur também poderia ser mais bem explorado. Tenho a impressão de que algo não funcionou entre os protagonistas. Talvez, seja a ausência de um(a) antagonista.

Novelas que não podem ser esquecidas

Ainda é cedo para chegar a essa conclusão. Vitória está no começo, e Império, O Rebu e Boogie Oogie nem começaram. Mas, para a escolha dos Melhores do Ano, Meu Pedacinho de Chão e Pecado Mortal não podem ser esquecidas. São novelas de qualidade incontestáveis. Claro, não se julga um produto apenas por sua qualidade, e sim pelo conjunto da obra. Por essa razão, reforço: Benedito Ruy Barbosa e Carlos Lombardi merecem ser coroados.

E ainda dizem que sou alienado por conta dos números do Ibope. Sou viciado sim, mas realista. Sei que, no geral, as novelas perderam qualidade, e que não se fazem mais clássicos como antigamente. Só não podemos julgá-las pelos resultados de pontos de audiência.  Joia Rara e Meu Pedacinho de Chão têm praticamente a mesma audiência. A diferença é de décimos. A comparação entre as duas, contudo, é inevitável, gritante.

Estratégia precipitada

A Globo antecipou a estreia de Cobras & Lagartos para o dia 21 de julho. A trama dividirá o horário do Vale a Pena Ver de Novo com Caras & Bocas. Uma estratégia precipitada, cafona. A Globo perdeu o seu padrão de qualidade. Enfim, uma bobagem. Se fracassar, a culpa não será da trama de Walcyr Carrasco, e qualquer coisa a tesoura (ou facão) entra em ação.

Tirando proveito

A Globo está aproveitando a onda de demissões da Record para reduzir o salário de seu casting, com a exceção do time do primeiro escalão. A moda agora é contrato por obra ou de curta duração, de no máximo dois anos.

Há cinco anos, Record despontava e assustava a Globo; hoje, é motivo de chacota. Infelizmente, a decadência da emissora paulista prejudica a classe artística, e também os telespectadores. Sem ver ninguém no retrovisor, a Globo aprova sinopses como a de Em Família.

É isso. Obrigado pela atenção e até a próxima. Comente, o espaço é todo seu! ;)


Deixe o seu comentário